6 em 10 empregos são patrocinados pelo Estado

CapturarDe acordo com o Expresso, a diminuição da taxa de desemprego que o governo tem cavalgado para ilustrar a sua ilusão de que a recuperação económica se está a realizar tem explicação no aumento das medidas de inserção no mercado do trabalho do IEFP. O número de pessoas abrangidas por estes programas disparou para o dobro em um ano chegando hoje às 95,9 mil. A maior parte das pessoas, 47,7 mil, são apoiadas através dos Estágios do IEFP que têm agora mais 28 mil pessoas do que há um ano.

Assim, dos 81 mil empregos que a economia criou nos últimos seis meses 60% foram patrocinados pelo Estado.

Esta situação será ainda maior no futuro próximo, visto que o ministro Pedro Mota Soares alterou no mês passado o regulamento dos estágios do IEFP para que durem 9 meses e não 12 como anteriormente. Isso e a diminuição do valor do apoio fará com que muito mais pessoas sejam abrangidas pelos estágios nos próximos meses.

A questão é saber se um estágio é emprego.

Mas estes dados não chegam para explicar a descida na taxa de desemprego que o Expresso, citando especialistas, diz está a descer anormalmente por não se encontrar na economia os sinais de crescimento que poderiam facilita o crescimento do emprego. Assim, a descida da taxa de desemprego não está associada à criação de emprego, mas antes aos estágios, à emigração, ao crescimento dos desencorajados que deixam de contar para as estatísticas e ao crescimento dos “ocupados”.

Se até 2011 o número de “ocupados” não ultrapassava os 30 mil, hoje estão ocupadas em programas de formação do IEFP mais de 162 mil pessoas, cinvo vezes mais. Infelizmente, uma grande parte destas pessoas que estão “ocupadas” foram forçadas a realizar formações, muitas vezes deslocadas da sua formação académica, para artificialmente serem retiradas da estatística do desemprego. Outra vertente deste problema são os Contratos de Emprego Inserção com que o Estado e muitas IPSS têm ocupado postos de trabalho, sem pagarem salários. Como é sabido, um desempregado a receber subsídio não pode recusar as propostas do IEFP sob pena de perder a prestação social.

Os Precários já vinham alertando para esta mistificação dos números do desemprego desde há muito tempo, mas é importante que mais estudos sejam feitos para que todas as pessoas possam conhecer de facto a situação em que nos encontramos.

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