10 anos depois do “Que se Lixe a Troika”
Há 10 anos atrás, vivíamos sob uma austeridade que destruiu emprego, sorveu rendimentos do trabalho, expulsou gerações para a emigração, aboliu a palavra “esperança” do dicionário. Era o tempo da Troika – chamada por um governo PS rendido à direita e recebida com entusiasmo por um governo PSD-CDS fanatizado pelo delírio neoliberal e obediente ao capitalismo sem freio democrático.
Depois do “roubo do subsídio de natal e férias dos pensionistas e dos funcionários públicos e de um salário dos trabalhadores do privado”, o governo Passos-Portas anunciou “uma contra-revolução na Segurança Social rasgando as bases do Direito do Trabalho e tornando empregadores e trabalhadores “iguais” no pagamento dos impostos”, levando a um levantamento popular em todo o país. Mais de 700 mil
pessoas saíram à rua para gritar “Que se Lixe a Troika! Queremos as nossas vidas!”, num primeiro episódio de enfrentamento das políticas austeritárias.
O governo não caiu, a Troika não saiu, mas a afronta à Segurança Social recuou e a força popular foi determinante para fortalecer a importância de um sistema que organiza as solidariedades entre pessoas da mesma comunidade, mesmo quando elas não se conhecem.
No momento em que o desemprego baixou, que os salários aumentaram, que milhares de jovens e menos jovens terminaram a diáspora, que a economia ganhou novo fôlego, o fantasma da sustentabilidade da Segurança Social dissipou-se. Até agora.
A nova maioria absoluta está absolutamente a curvar à direita e a apresentar contas com entrelinhas escondidas, discursos com contradições aparentes, medidas com a benção do capital. Ou, no fundo, o que o Costa nos diz por palavras rebuscadas, é que não há vitórias garantidas. Mas nós sabemos que uma maioria parlamentar pode ser vencida por uma maioria social.
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