10 horas por mês, um sábado por mês: trabalho gratuito para aumentar a desigualdade

Marques Guedes (PSD) 
O Conselho de Ministros dispensou a presença das organizações de trabalhadores e patrões, assumindo por completo as aspirações destes últimos, para aprovar o aumento gratuito do trabalho semanal em 2,5 horas. Os patrões não queriam a medida aprovada desta forma, pois preferiam encenar um acordo em sede de Concertação Social. Os sindicatos, mesmo a UGT, não aceitam e referem-se a esta medida como declaração de guerra. Os Precários Inflexíveis também o consideram. 
Esta medida é uma agressão, é de legalidade duvidosa, e apenas trará mais dificuldades a todos os que já têm muito pouco tempo para si, para os seus filhos ou familiares, para que também possam ser cidadãos. Num país de salários baixíssimos e com elevado desemprego, esta medida prejudica milhões de cidadãos para beneficiar de forma clara os patrões e prejudicar a economia. Porque é evidente, o desemprego só pode aumentar se num refluxo económico se permite que o mesmo trabalho seja realizado por menos trabalhadores. É mais uma medida do novo regime da austeridade que recoloca as relações laborais e sociais, prejudica a economia, mas beneficia os mesmos de sempre, aqueles que organizaram e ainda organizam o trabalho, a exploração e o (fraco) desenvolvimento do país.
Colocamos aqui parte do comunicado da CGTP:
A competitividade das empresas não passa pelo aumento do horário de trabalho, nem pela redução dos custos salariais que, no caso português, não ultrapassam os 15% dos encargos totais das empresas. Passa pela melhoria da organização e gestão, pelo valor acrescentado dos produtos e serviços colocados no mercado, pela inovação e modernização, o combate à economia paralela e pela motivação dos trabalhadores.

Por outro lado, invocar que o aumento do horário de trabalho teria lugar só até 2013, também não convence ninguém, porque esta é uma velha aspiração patronal. É público que, a não haver alteração das políticas, a situação do país daqui a dois anos não estará melhor. Logo, a tendência seria para manter tudo na mesma, ou justificar um novo e mais gravoso aumento do horário de trabalho.
Acresce que, por muitas explicações que o Governo tente apresentar, é por demais evidente que o aumento o horário de trabalho traria como consequência imediata a subida do desemprego, a redução dos salários e o aumento da exploração.

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