13º e 14º mês em risco :: A Troika manda, Passos executa

Depois de um alto responsável da Comissão Europeia, Peter Weiss, ter levantado a hipótese de que o corte do 13º e 14º mês pode ser permanente, Passos Coelho avisou o país que apenas a partir de 2015, ano de eleições, será reposto a conta-gotas esse rendimento cortado, ao contrário do que afirmou no fim do ano passado. Esta parte importante do rendimento anual de quem trabalha foi retirada para pagar os custos da crise criada pelo sector financeiro. Aquilo que era para ser um corte brutal em 2012 e 2013, passou a ser um corte brutal que não tem fim à vista, e o objectivo (do momento) é começar a devolver alguma coisa a partir de 2015. Mais, Passos Coelho abre ainda a porta ao fim permanente do 13º e 14º mês, argumentando que seria positiva a opção de dividir o rendimento anual por 12 salários, e não 14.  Todos os cidadãos sabem o que isso significa num período de refluxo económico: a perda directa de 15% do seu rendimento anual. 

O primeiro-ministro revela ainda que, por um lado, não haverá qualquer reforço dos apoios sociais, mesmo perante os resultados dramáticos da crise financeira; por outro, fugindo a qualquer debate sério sobre o problema do desemprego, Passos afirma que não é necessário rever as estimativas sobre desemprego porque acredita que o segundo semestre «vai correr melhor» e haverá recuperação económica. 
O primeiro-ministro, cuja credibilidade aparece degradada todos os dias, especializa-se como executor bem comportado da política da Troika. Quando Peter Weiss, da Comissão Europeia, diz sobre o corte 13º e 14º mês que “Teremos de ver se se tornará permanente ou não, mas isso agora ainda não foi discutido”, Passos Coelho avisa o país que se calhar vai ter de implementar o contrário do que disse há meses atrás. 
Quando Weiss se afirma surpreendido pela evolução da taxa de desemprego: “ainda será preciso compreender melhor estes dados”, Passos Coelho nada diz. Se estes responsáveis falassem verdade, então seriam incompetentes (porque nenhum cidadão minimamente atento em Portugal acredita que o desemprego possa descer a curto prazo), se estão a mentir, então só uma resposta fortíssima do ponto de vista político e social poderá forçar ao recuo dos agiotas que tomaram conta do país, das vidas e do futuro de milhões de pessoas.
Ver:

Oposição acusa Governo de ter enganado os portugueses
Troika diz que subsídios de férias e de Natal podem acabar
Função Pública fica sem subsídios de férias e de Natal até 2013 (DE 2011)

Facebooktwitterredditlinkedintumblrmailby feather