19 de Março: multidão de vozes contra a precariedade

Num crescendo de resistência à situação insuportável em que se vem tornando o dia-a-dia, os Precários Inflexíveis respondem novamente ao apelo para esta mobilização. Depois de um primeiro momento de perplexidade de autoridades e comunicação social perante a manifestação do passado 12 de Março, a estratégia escolhida para lidar com o ocorrido foi votá-lo ao esquecimento, na esperança que desapareça. Mas dia 19 estaremos novamente aqui, embalados por um crescente movimento popular que diz basta à hipocrisia desta austeridade selectiva e desta precariedade inevitável. Como alguém por lá dizia—Inevitável é a tua Tia!

A precariedade, além de ser uma aposta para fragilizar ainda mais o trabalho e a vida das pessoas, pretende ao mesmo tempo dividir os trabalhadores e jogá-los uns contra os outros, numa corrida para o precipício. Através da demagogia pura os comentadores da praça saem-se com o ataque aos “direitos adquiridos”, aos “privilegiados”, ao “excesso de expectativas” e com a apologia do “realismo económico”, procurando colocar em lados opostos os trabalhadores com contratos estáveis e os trabalhadores precários. A isto temos apenas uma palavra a dizer: NÃO! Não seremos arma de arremesso, de chantagem sobre outros trabalhadores, sobre outras pessoas. Não permitiremos que nos usem como pretexto para a eliminação sucessiva de direitos conquistados em décadas de luta. Nós sabemos bem quem nos rouba! Sabemos bem que as conquistas da classe trabalhadora são para todos e todas, e que o trabalho sem direitos é o primeiro passo para o regresso à escravidão. Esta é a nossa luta.
O realismo deles cada dia tem mais dificuldade em lidar com a realidade. Falam dos seus “tronos” de um país que não existe, excepto nos seus gabinetes e corredores. Para eles, quando a teoria não bate com o dia-a-dia, é o dia-a-dia que está errado, e não as suas bolorentas teorias. Não discutem a realidade, mas apenas contos de fadas e promessas de brilhantes futuros após dolorosas penas. Mas a nossas vidas são o nosso argumento. Estamos aqui por elas, e exigimo-las. Exigimos mudança. Exigimos justiça. Exigimos democracia. Exigimos o fim dos falsos recibos verdes. Exigimos os nossos direitos de volta. E não abdicaremos desta exigência.
As portas escancararam-se, o povo saiu à rua. Caminhamos juntos para o futuro. E decidi-lo-emos juntos, pois somos a base e a vida desta sociedade, e se ela for posta a trabalhar contra nós, não serve o seu objectivo. Nessa altura, só a mudança é opção.
19 de Março juntamo-nos a esta manifestação da CGTP indignando-nos e protestando. Estaremos na rua até que aconteçam as mudanças necessárias. E urgimos todos os  trabalhadores e trabalhadoras, todas as pessoas, que se juntem novamente, hoje e de hoje em adiante, numa força comum que enfrente a precariedade, o desemprego, a austeridade e a pobreza.
Precários nos Queriam? Rebeldes nos Têm!
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