Mais uma vez alguém com as mãos vazias sentiu a força brutal da polícia e a falta de racionalidade de uma resposta de um estado cada vez mais opressor. Pergunto se é possível aceitar que alguém que organiza e efectua um protesto pacífico possa esperar levar bastonadas da polícia para simplesmente desocupar um edifício. Esquecendo até o facto de que se trata de uma associação cultural com mais do 150 anos.
Não percebo muito bem o que podem pensar os agentes policiais que tão facilmente levantam o cassetete a alguém que não lhes representa uma ameaça. Acho sinceramente que os polícias não são todos iguais, e portanto, não posso querer que aquele tipo de atitudes sejam vistas com bons olhos por todos os agentes; imagino eu, que tal como noutras actividades, seja possível realizar o mesmo trabalho de várias formas.
Em todo o caso uma coisa é clara. Rapidamente, tal como no passado, as forças policiais ou qualquer agente de repressão do estado, vai ter de decidir de que lado está numa sociedade onde os ladrões não precisam de ocupar as casas, porque as roubam na secretaria. Onde quem ocupa casas, ou edifícios públicos ou não, claramente não tem objectivos muito mais para além do que a própria vida.
Posso deduzir daqui algumas ideias (futurologia próxima):
– As pessoas que protestam e se organizam não vão deixar de o fazer mesmo que a repressão aumente, aliás, pelo que temos visto, as pessoas até ficam mais predispostas a colaborar e a resistir.
– Certamente que ninguém não gosta de levar bastonadas da polícia, nem de ninguém, muito menos alguém que participa em protestos pacíficos.
– A composição das organizações e movimentos de hoje não são os mesmos de há 10 anos. Estas saberão e tenderão a reagir e a organizar protestos de forma diferente e proporcional aquilo que é esperado da reacção do oposto, seja, privado seja estado.
– A polícia, ou melhor, os polícias não devem esquecer que para além do trabalho existe um mundo à sua volta, e cada um deles é decisivo, pelo seu comportamento, na resposta que pode obter no seu próprio dia a dia, no seu próprio trabalho.
Pessoalmente, não estou disposto a participar em protestos pacíficos e a levar uma bastonada. Haverá resposta.
Rui Maia
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