40% dos jovens têm salários baixos inferiores a 600€

O Público faz hoje manchete com um número que é um espelho de uma geração: 40% dos jovens com menos de 34 anos recebem ordenados inferiores aos 600€ (INE, 2011). Mas os 35% seguintes não recebem mais de 900€.

O mais incrível desta estatística é que são quase consideradas ocorrências excepcionais os jovens que recebem entre os 1200€ e os 1500€.

Esta é uma das dimensões mais brutais da precariedade: a perda brutal de rendimentos condiciona a vida e rouba o futuro a milhões de pessoas, impedidas de garantir as condições mínimas para viver, para assegurar o acesso aos recursos mais básicos que a cidadania devia garantir. Hoje, infelizmente, ter um trabalho significa cada vez menos a libertação de uma condição de pobreza. Cada vez mais pessoas são pobres trabalhando, empobrecem apesar de terem um trabalho.

O Público põe assim a nu a demagogia da proposta do Ministro Pedro Mota Soares, pois quase nenhum jovem poderá ter o propalado “direito de opção” sobre para onde descontar para a Segurança Social. Ou seja, o “plafonamento” que o Ministro da Solidariedade e Segurança Social quer implementar não é aplicável aos mais jovens e, se for aplicado aos mais velhos, tem elevadíssimos custos para a Segurança Social que poderiam levar à sua falência em poucos anos.

Assim, verifica-se que o tal “sistema misto” de Segurança Social, onde cada pessoa seria “livre” de decidir para onde descontaria (sistema público ou privado) para além de ser insustentável é risível. Aliás, desde 1984 que vários Governos de direita estudaram a ideia do plafonamento, mas sempre descobriram que esse sistema não é possível.

Deste modo caí a aura de suposta competência de Pedro Mota Soares, que se apressa a fazer declarações de políticas que gostaria de implementar sem ter a mínima noção dos estudos e dos impactos que a sua implementação teriam na Segurança Social. O Ministro em que os precários e os trabalhadores a falso recibos verde já aprenderam a não confiar depois da farsa do subsídio de desemprego para trabalhadores independentes ou da cobrança cega das dívidas dos falsos recibos verdes, à semelhança dos pensionistas a quem a reforma antecipada foi suspensa de surpresa, demonstra, de novo, a sua incompetência.

Fica aqui a importante notícia do Público sobre ganhos dos mais jovens e plafonamento da Segurança Social.

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