Análise | Desemprego Oficial, Real e Desemprego Jovem

RESUMO: O desemprego cresce desde 2006, com o desemprego real na ordem dos 20,25%, com 1119200 trabalhadores e trabalhadoras. Desde a assinatura do memorando da troika há em média 16207 novos desempregados por mês. O desemprego oficial dos 25 aos 34 anos é de 18,1%, 237100 desempregados. Na assinatura do memorando eram 184100. Na altura da assinatura do memorando da troika o desemprego oficial dos 15 aos 24 tinha atingido os 27,8%, com 115500 desempregados. Desde então o desemprego jovem (15-24) disparou para os 39%, tendo atingido 175100 desempregados. Desde a assinatura do memorando da troika houve um aumento de 37,6% no número de desempregados jovens, que são agora 412200, a principal consequência da “flexibilização” (precarização) do mercado laboral, com a destruição dos direitos no trabalho. Uma geração sobejamente sobre-explorada com 4 opções em cima da mesa: aceitar a precariedade, aceitar o desemprego, aceitar a emigração forçada ou lutar pela reconquista dos direitos e da dignidade.

O desemprego vem em crescendo constante nos últimos 6 anos. A ligeira estagnação a partir do 1º trimestre de 2011 terá que ver com a alteração de metodologia do INE recomendada pelo Eurostat, altura em que os inquéritos passaram a ter por base chamadas telefónicas. O desemprego oficial no primeiro trimestre de 2006 era de 7,7% com 429700 desempregados. Se adicionarmos os inactivos disponíveis e inactivos desencorajados (pessoas sem sem trabalho remunerado ou qualquer outro, que pretendiam trabalhar e não faziam diligências no IEFP nesses sentido), deixados de fora das estatísticas de desemprego do INE, a taxa real de desemprego estaria nos 9,76%, com 542 mil e seiscentos desempregados. O desemprego é relativamente estável até final de 2008 quando, fruto da crise financeira bancária, começa a cavalgada do desemprego. Aquando da assinatura do memorando da troika, a taxa de desemprego oficial está nos 12,1%, com 675 mil desempregados. Os números reais do desemprego na altura são já de 876100 desempregados, também devido à grande subida de inactivos, que chegam nesta altura aos 201100. Nesta altura a taxa real de desemprego é de 15,73%.  Desde a assinatura do memorando da troika o desemprego oficial aumentou 28%, chegando aos 15,8% e aos 870 mil desempregados. A taxa real está nos 20,25%, com 1119200 desempregados. Desde a assinatura do memorando da troika há em média 16207 novos desempregados por mês.

O desemprego dos 25 aos 34 anos manteve-se sempre relativamente próximo (mas tendencialmente uns pontos acima) do desemprego médio. No entanto, com a assinatura do memorando, e após o desaparecimento do efeito da mudança do cálculo no 1º trimestre de 2011, a diferença está em crescendo, distanciando-se cada vez mais (a diferença era de 1% quando se assinou o memorando e hoje é de 2,3%). O desemprego oficial dos 25 aos 34 anos é de 18,1%, 237100 desempregados. No início de 2006, eram 135 mil. Na assinatura do memorando eram 184100.

O desemprego dos 15 aos 24 anos esteve sempre bastante acima do desemprego médio, mas a disparidade aumentou, em particular desde a assinatura do memorando com a troika. No 1º trimestre de 2006 havia 86 mil desempregados entre os 15 e os 24 anos (15,7%). Na altura da assinatura do memorando da troika essa percentagem tinha atingido os 27,8%, com 115500 desempregados. Desde então o desemprego jovem (15-24) disparou para os 39%, tendo atingido 175100 desempregados. Os jovens que entram no mercado de trabalho têm à sua vista apenas trabalho precário, que após curtos períodos de emprego os levarão a um regresso ao desemprego, engrossando a criação de uma subcidadania que afecta não só os jovens, mas que afecta como regra quem tem de entrar no mercado de trabalho.

Se somarmos os desempregados dos 15 aos 34 anos no 3º trimestre de 2012 há 412200 desempregados jovens. Este é a principal consequência da flexibilização (precarização) do mercado laboral, com a destruição dos direitos no trabalho. Houve desde a assinatura da troika um aumento de 37,6% no número de desempregados jovens. Uma geração sobejamente sobre-explorada, o que se manifesta num decréscimo na população jovem activa, muitas vezes levada emigrar. Com 4 opções em cima da mesa: a precariedade, o desemprego, o exílio ou a luta.

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