"A Banqueiros Salvais, a Pobres Roubais"
Aconteceu ontem em Madrid a primeira manifestação de sindicatos desde que começou esta crise económica. A UGT e as Comissões Operárias, que juntas representam 80% dos trabalhadores, foram para a rua com a palavra de ordem: “Não se aproveitem da crise.”
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Num país onde a taxa de desemprego já chegou aos 20% dezenas de milhares de pessoas juntaram-se para dizer que: “Somos a maioria, e há uma minoria com muitos privilégios, que nos ataca porque somos um obstáculo para que não se aproveitem da crise”.
Em Portugal, com o desemprego a atingir números históricos de 10,2% e com 54,2% dos jovens em situações precárias, também já precisávamos de ir para a rua gritar.
Ricardo Santana
Precisamos faz muito tempo de ir para a rua gritar, dizer que existimos. Fazer uns estragos a ser preciso. Mas não vamos, porque somos um povo de gente frouxa e medrosa, que tem medo da própria sombra e que viva na base do “melhores dias virão” ou “cá arranjarei forma de me desenrascar”. Afinal de contas o fado é a nossa maior tradição. Se nos correr bem a vida depois do que nos vamos lamentar e conversar? Povo de brandos costumes e aparentemente de inteligência na medida que só meia dúzia de pessoas a fazer barulho e amexerem-se não conseguem pois não existe união com os restantes que ficam quietinhos pois há sempre alguém que fará o trabalho por eles. É por estas e por outras que tenho vergonha de Portugal.
Mexam-se! Acordem para a vida!