A Itália também já tem um homem da Goldman Sachs: a nova europa em marcha
Mario Monti – 1º ministro italiano |
Em Itália, como na Grécia ou Portugal, os governos cujos programas passaram a ser os programas políticos (e económicos) vertidos do centro ideológico das capitais financeiras, apelam à unidade nacional contra a austeridade. Monti, em Itália, afirma que “Temos a absoluta necessidade e a profunda convicção de querer salvar a Itália com a contribuição e o esforço de todos”. Todos eles, os governos dos novos regimes financeiros da austeridade, sabem bem que nâo têm qualquer legitimidade na democracia, por isso, procuram responsabilizar toda a sociedade pelo rasgar de contrato social e pela construção de um novo modelo social, devastador, não debatido ou votado pelos cidadãos. Fazendo tábua rasa das responsabilidades e impunidade de quem afundou os países em dívidas e especulação, em gestão danosa e corrupção, estes responsáveis temporários apresentam como inevitáveis programas que não são confrontados com alternativas nem com a democracia. Eles nada sabem ou querem saber de desenvolvimento económico ou social.
Agora, diz-se nos media, que o plano de austeridade italiano, apresentado por Mario Monti, é um bom plano. Parece que os mercados se acalmaram. Monti, já iniciou o processo habitual de imposição da austeridade: a chantagem. Ele afirma que “Sem este pacote, nós acreditamos que a Itália vai entrar em colapso e ficar numa situação parecida com a da Grécia”. Mas Monti partilha, com mais alguns líderes dos países em maiores dificuldades, um percurso recente no sector financeiro. Todos fizeram carreira na Goldman Sachs, um banco sediado nos EUA, um dos maiores do mundo. Mario Draghi, actual presidente do Banco Central Europeu, Mario Monti, primeiro ministro italiano ou Lukas Papademos, o novo primeiro ministro grego, todos foram quadros da Goldman Sachs. O responsável pelo Banco Nacional da Grécia quando a Goldman Sachs ajudava o mesmo governo a mascarar as contas do Estado, é hoje o homem forte do departamento do governo grego que administra a dívida pública.
Na Grécia e em Itália, os governos foram substítuidos (sem eleições) por homens desta que é uma das maiores organizações financeiras do mundo. Este monstro da concentração da riqueza mundial teve também como alto-dirigente um político nacional. O português Antonio Borges dirigiu até há pouco o Departamento Europeu do Fundo Monetário Internacional (FMI). Mas entre 2000 e 2008, António Borges foi vice-presidente da Goldman Sachs Internacional, em Londres. Borges é militantes do PSD e foi vice-presidente da Comissão Política Nacional, entre 2008 e 2010. É um dos possíveis homens de poder em Portugal.
Neste quadro, as mobilizações internacionais não são mais do que a resposta democrática a um evidente ataque organizado à democracia social e económica. O apelo à mobilização, feito em centenas de países, é por isso um apelo à defesa da democracia, da transparência, do combate à desigualdade e do combate a centros de decisão que não são democráticos e que não trarão qualquer prosperidade social e política.
Às organizações sindicais ou do trabalho, às organizações sociais ou de movimento, às organizações políticas de base social e do trabalho, cabe a enorme tarefa de proporcionar condições para desmascarar estes regimes autoritários e opacos de homens da finança e políticos de carreira de poder. Cabe também demonstrar na mobilização e intervenção política que a democracia está na rua, está na escolha, está no debate e está na alternativa. Cabe construir condições para que os milhões de cidadãos que se opõem à bárbarie social e económica possam acreditar, e por isso mobilizar-se, em volta de soluções alternativas, de futuro, para cada um de nós.
Ver: