A PRECARIEDADE LABORAL E O SINDICALISMO

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Muito se tem escrito e debatido sobre o trabalho precário nos últimos tempos, dentro e fora das estruturas sindicais. Multiplicam-se as iniciativas dos movimentos de precários fora das estruturas sindicais tradicionais e desenvolvem-se novas formas de intervenção.

Em 2005, quase não se ouvia falar desta problemática mas já se sofria há muito com os seus efeitos negativos – não só no campo profissional – mas também a nível pessoal, visto que a precariedade laboral traz gravíssimos problemas, tais como, a instabilidade permanente acrescida dos baixos salários.

Fruto da iniciativa de alguns jovens, dentro e fora das estruturas sindicais, os altos índices de precariedade começaram a ser denunciados nos meios de comunicação social. Contudo, ainda há muito a fazer para que o combate ao trabalho precário, aos baixos salários e ao desrespeito pelas pessoas nos locais de trabalho tenha uma abrangência capaz de os erradicar.

Se é verdade que grande parte das estruturas sindicais só começaram a olhar mais seriamente para esta problemática após a pressão forte das novas gerações e ao verem que cresciam movimentos de precários independentes na sociedade portuguesa, também é verdade que se dizem e escrevem muitas coisas erradas acerca do movimento sindical.

Não é verdade e só pode ser proferido por pessoas que realmente desconhecem a actividade de vários sindicatos, que “os precários não se podem sindicalizar”. Há sindicatos que já acharam formas de sindicalismo e intervenção alternativas ao tradicional. Porém, a grande dificuldade de levar à prática o dinamismo que alguns desses sindicatos tentam implementar é o diminuto envolvimento dos jovens nas estruturas sindicais, que muitas vezes são vistas como entidades para as quais se descontam 2 ou 3 euros mensais, esperando-se das mesmas todas as respostas, mesmo as impossíveis e que só com um grande envolvimento de todos e todas é possível alcançar.

No que diz respeito à precariedade e rejuvenescimento do movimento sindical não há milagres, como não os há nos outros campos do mundo laboral. A chave do sucesso está em cada um e cada uma de nós. É preciso que cada jovem se envolva nas estruturas e exija das mesmas mudanças significativas na forma de intervenção. Há matérias e serviços importantíssimos prestados por este movimento. As negociações colectivas para empresas e sectores, marcação de greves e apoio jurídico, são um bom exemplo disso.

Considero que sindicatos e movimentos sociais são essenciais à sociedade. Devem coexistir na intervenção, e – sempre que possível – colaborar sem medos ou preconceitos descabidos de parte a parte. Não obstante as diferenças, ambos devem ter uma matriz comum: democracia e espírito de abertura, envolvendo o maior número de pessoas.

A organização de precários dentro do movimento sindical é possível. Porém, o combate à precariedade dentro das estruturas sindicais implica, também, uma acção concreta e continuada para que possamos construir um sindicalismo sem “guerras” partidárias que, em muitos casos, só prejudicam aquelas que deveriam ser a actividades principais dos sindicatos: informar, esclarecer, apoiar, sindicalizar e organizar os trabalhadores e trabalhadoras dentro de cada empresa.

A mudança para uma sociedade mais justa e solidária depende de cada um e cada uma de nós, por isso façamo-la!

Rui Beles Vieira

(SINTTAV; PI; Intermitentes)

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