A precariedade só gera desemprego, não é solução!
“A criação de emprego só existe para quem esteja disposto a trabalhar a recibos verdes”
Esta frase foi retirada de uma notícia que saíu no JN de 2ª feira e o autor justifica esta conclusão com os dados do Inquérito ao Emprego recentemente divulgado pelo INE. Segundo o inquérito o número de trabalhadores com menos de 24 anos contratados a prazo e nos quadros caiu 27% e 34%, respectivamente, comparando o 1º trimestre de 2013 com o 1º de 2012. Por sua vez, o número de jovens trabalhadores a recibos verdes subiu 16%.
Este argumentário é sustentado por uma interpretação errada das estatísticas do emprego, pois considera a precariedade como uma forma de criação de emprego em vez de catalisadora da sua destruição. O que nos dizem as estatísticas de médio-longo-prazo é que o desemprego sobe juntamente com o aumento da precariedade. Nos últimos anos a precariedade tem crescido em todos os sectores laborais e a resposta na criação de emprego foi sempre a piorar. Quanto mais precariedade mais desemprego (ver análise aqui).
Hoje, os jovens que procuram o seu primeiro emprego dificilmente conseguem um trabalho que não seja precário, mas os não jovens que fiquem desempregados também caiem na precariedade. Esta condição laboral é a forma astuta que o patronato encontrou para chantagear todos os trabalhadores e trabalhadoras do país.
Na semana passada, Carlos Costa, governador do Banco de Portugal afirmava: “há que imaginar um novo contrato com muito mais flexibilidade e muito mais qualidade do que o contrato a prazo”. Sabemos o que ele queria dizer, referia-se à mirabolante ideia da criação do contrato único, uma proposta de destruição dos contratos com direitos e generalização da precariedade (relembrar aqui).
O caminho da precariedade é o caminho para o desemprego, para destruição da Economia e para a pobreza. Hoje, após anos de aplicação de políticas promotoras da precariedade, temos a prova viva destes factos: perante a chantagem da troika e as dificuldades que o país atravessa os trabalhadores precários e os desempregados foram e continuam a ser os alvos mais fáceis do regime de austeridade. Tivéssemos percorrido o caminho contrário nos últimos anos e hoje teríamos uma maior proporção de trabalhadores integrada em contratos de trabalho colectivos e com contratos sem termo, haveria menos desemprego, melhores salários e maior capacidade para responder às dificuldades actuais.
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