A revolta começou

A semana de paralização e a petição corajosa dos precários do IPAC é a primeira revolta precária de muitas que se adivinham.

Quando soube da iniciativa, por e-mail enviado aos Precários-Inflexíveis (PI) pelos precários do IPAC, a surpresa foi relativa. Já prevíamos em reuniões do PI que mais cedo do que mais tarde tinha de acontecer: sem saída e com pouco a perder, o precariado haveria de sair mesmo do armário para exigir os seus direitos de volta.
Mas se a surpresa foi pouca, o contentamento é muito. Foi para isto que começámos sobretudo desde 2007 a lutar contra a precariedade. Para ver precários a organizarem-se autonomamente, a fazerem frente ao roubo de que estão a ser alvo.

A precariedade é um roubo e num roubo há sempre alguém que rouba e alguém que é roubado. Neste caso, quem rouba é o Estado. Ou seja, o Governo português.

E quem é roubado no IPAC?
Os nomes destes precários são já públicos, assinaram o texto que acompanha a petição online. Não os conheço, ainda. Só falei por telefone e e-mail com um dos precários. Mas queria enviar-lhes um abraço público de solidariedade e dizer-lhes que assinei a petição com todo o gosto.

Só estranho ainda não ter visto reportagens por todo o lado sobre a primeira revolta de precários em Portugal. Tanto quanto sei, estes precários já fora do armário aceitam contar os seus casos aos jornalistas, dar a cara e denunciar esta vergonha.
Mas onde anda a comunicação social?

Um abraço,
João Pacheco
(jornalista precário e membro dos Precários-Inflexíveis)
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