A riqueza que aumenta e se concentra durante a crise
Segundo notícias divulgadas hoje, o número de milionários em Portugal aumentou em ano de crise e recessão. Existem em Portugal 11 mil pessoas com uma fortuna acima de um milhão de dólares, mais 5,5% do que no ano passado.
A multiplicação da riqueza de algumas pessoas e do número de pessoas “ricas” ocorre num ano em que a economia sofreu uma forte recessão e a crise se acentuou. No ano passado o PIB recuou 2,7%, com uma queda de 21,8% nas exportações e de 8,1% na produção industrial, conclui-se no entanto que esses mesmos factores foram a oportunidade de enriquecimento de algumas pessoas.
A nível mundial a concentração de capital também aumentou, sendo que o número de indivíduos com mais de 1 milhão de dólares atingiu os 10 milhões. Além disso, o volume da sua riqueza aumentou 18,9% para 39 biliões de dólares.
Do relatório das consultoras Capgemini e Merrill Lynch confirma-se aquilo que temos vindo a afirmar: depois do período de desastre económico, de perdas generalizadas de capital e dificuldade na acumulação de alguns, os governos optaram por fazer pagar a factura da crise a quem vive do seu trabalho, com especial enfoque em quem passa mais dificuldades. Assim se explica que rapidamente, passado um ano, e relativamente ao conjunto dos “ricos” existam “claros sinais de recuperação, e [que] nalgumas áreas [se verifique] mesmo o regresso aos níveis de riqueza e crescimento registados em 2007”, como afirma Sallie Krawcheck, presidente e responsável pela área de Global Wealth & Investment Management do Bank of America.
Exemplos desta submissão do poder político eleito perante os banqueiros (em vez da responsabilidade perante os cidadãos) são claros por todo o mundo. No balão de ensaio europeu, a Grécia. Papandreou, o Primeiro Ministro do Governo Socialista, prometeu em Viena numa reunião com banqueiros internacionais que a Grécia fará tudo o que for necessário para pagar as dívidas e garantiu que não sairá da Zona Euro, impondo medidas de saque a toda a sociedade grega, não beliscando o desequilíbrio de distribuição da riqueza no país nem tão pouco o peso do pagamento da factura da crise.
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