Acção do PI é notícia nas Caldas da Raínha (II)
Depois da notícia no Jornal das Caldas – que partilhámos aqui –, é agora também divulgada no Oeste Online e na Gazeta das Caldas a recente acção dos Precários Inflexíveis sobre o “duplo roubo” que representa o acordo entre a Câmara Municipal e o ES Contact Center: 700 mil euros de dinheiros públicos, para financiar a expansão das instalações daquela empresa, que apresenta lucros milionários à custa da exploração do trabalho precário de centenas de pessoas.
Aqui fica a notícia da Gazeta das Caldas:
«Duelo entre Fernando Costa e Precários Inflexíveis acerca do Call Center da Contact
O presidente da Câmara e activistas do grupo Precários Inflexíveis envolveram-se numa discussão à entrada dos Paços do Concelho durante um protesto destes últimos no passado dia 15 de Julho.
Os jovens daquele movimento de esquerda estão contra a medida aprovada em Assembleia Municipal em investir 700 mil euros na aquisição de um imóvel para permitir a expansão no concelho da empresa Contact Center, que pertence ao grupo Espírito Santo.
Estiveram ao início da tarde a distribuir panfletos informativos, entre os funcionários do Call Center e deram a conhecer esta situação aos funcionários. Vieram depois até à Câmara colocar uma faixa onde denunciavam “o duplo roubo em Tornada” que dizem ser “a oferta de dinheiro público para financiar esta empresa que tem lucros milionários”, assim como “a precariedade e os baixos salários que ali são praticados”. Mal tinham acabado de colocar o cartaz quando apareceu o presidente da Câmara, Fernando Costa e logo começaram a esgrimir argumentos sobre este assunto.
“Uma empresa – que teve um lucro de mais de 12 milhões de euros no ano passado – precisa de ser ajudada para expandir o seu negócio? Porque raio precisa o grupo Espírito Santo da ajuda dos contribuintes das Caldas?”, perguntava Ricardo Moreira, um dos elementos do grupo. Fernando Costa respondeu que dos 700 mil euros que a Câmara decidiu investir neste projecto “ainda não foi gasto um tostão”. Mas lamentou que o projecto ainda não tivesse avançado pois isso significaria “que havia mais 300 pessoas a trabalhar no call center”.
Enquanto o grupo de cinco jovens contestava a intermediação através de empresas de trabalho temporário, Fernando Costa rebatia afirmando que há deste tipo de firmas “que paga melhor do que pessoas que estão há anos atrás de um balcão com emprego definitivo”.
Empenhado na ajuda de criação de emprego no seu concelho, o autarca afirmou que “vai até aos cinco mil euros por cada posto de trabalho se houver uma empresa que garanta que fica nas Caldas durante dez anos”.
Os jovens acusaram a Câmara das Caldas de decidir investir cegamente na criação de postos de trabalho “independentemente da qualidade desses postos”. Fernando Costa diz que não é papel da autarquia avaliar se o emprego é ou não precário pois neste momento o que se pretende é “criar mais emprego”. Diz que há muita gente sem trabalho e “a passar fome nas Caldas e essas pessoas não vivem de teorias, mas sim de realidades”.
Os jovens acusaram a Câmara das Caldas de decidir investir cegamente na criação de postos de trabalho “independentemente da qualidade desses postos”. Fernando Costa diz que não é papel da autarquia avaliar se o emprego é ou não precário pois neste momento o que se pretende é “criar mais emprego”. Diz que há muita gente sem trabalho e “a passar fome nas Caldas e essas pessoas não vivem de teorias, mas sim de realidades”.
“Eu pagava para se irem embora”
Segundo o presidente, também lhe interessa saber “quando alguém entra na Câmara se vem para trabalhar ou só para receber o ordenado”. Há gente a trabalhar no município “que eu pagava indemnizações para se irem embora porque não são úteis nem rentáveis. São alguns e sabem publicamente disso”.
A troca de argumentos entre o presidente o grupo prosseguiu ao longo de quase uma hora. O grupo de jovens insurgia-se contra os baixos salários, a falta de direitos e a intermediação das empresas que não são o destino final dos trabalhadores (a quem capturam parte do salário); Fernando Costa afirmava que só lamentava que, apesar de já ter sido auscultado pela empresa há quatro meses, “ainda não tenha havido uma decisão em definitivo de avançar para a expansão”.
Os Precários Inflexíveis contrapunham que aplicar dinheiro público “para apoiar trabalho precário é inaceitável” e Fernando Costa rebatia, respondendo que “é mais importante gastar 700 mil a criar emprego do que a tapar buracos de alcatrão”.
Para os activistas, a Câmara das Caldas está a demitir-se das suas obrigações sociais e, em nome da criação de emprego, “está a apostar na criação do trabalho precário e nos baixos salários”.
Este grupo reúne sobretudo pessoas sem contrato de trabalho, desempregados, estagiários ou trabalhadores-estudantes. “Estamos por todo o país a denunciar situações como esta”, afirmou Ricardo Moreira.
Natacha Narciso»
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