Acção do PI é notícia nas Caldas da Raínha
A recente acção dos Precários Inflexíveis nas Caldas da Raínha está a dar que falar: uma faixa foi deixada na Câmara Municipal e os activistas do PI confrontaram o Presidente da Câmara com o financiamento da expansão das instalações do ES Contact Center – 700 mil euros para “subsidiar” uma empresa com lucros milionários e patrocinar o trabalho precário. Recorde-se que Fernando Costa disse na altura que se trata dum “bom negócio” e que “as preocupações sociais não são uma prioridade”.
Aqui vai a notícia no Jornal das Caldas:
«Por causa da Contact
Precários Inflexíveis protestam junto à Câmara das Caldas
Os activistas do movimento Precários Inflexíveis (PI) estiveram na passada quarta-feira nas Caldas da Rainha para protestar contra a expansão das instalações do call center Contact, na estrada de Tornada, com o patrocínio da Câmara.Foi deixada uma faixa na fachada da Câmara, em protesto pelo patrocínio da autarquia, no valor de 700 mil euros, à empresa do Grupo Espírito Santo, que, sustentam, “apresenta milhões de euros de lucros anuais, provenientes, no essencial, da exploração de trabalhadores e trabalhadoras em situação precária”.
À porta da Câmara Municipal contactaram com Fernando Costa, presidente da autarquia, que lhes confirmou que considerava que era “um bom negócio para a Câmara” e que “gostaria de fazer mais investimentos semelhantes”, justificando que “mais vale aquele emprego do que nenhum”, para comentar que “há pior do que aquele call center”.
Questionado pelos activistas do PI sobre a responsabilidade social da Câmara quando faz investimentos – sobretudo quando se trata do financiamento a uma empresa – o presidente respondeu que “o que interessa é que vai dar empregos”.O PI tem outra opinião: “Consideramos que a dispensa de dinheiros públicos para financiar, nestas circunstâncias, a expansão das actividades do Grupo Espírito Santo é uma vergonha. A Câmara torna-se num intermediário da chantagem social que impõe a precariedade e os baixos salários, a partir do terror do desemprego. A Contact Center encontrou o seu filão: baixos salários (cerca de 500 euros por trabalhador) e apoios públicos para expandir o seu negócio baseado na exploração”.Para o PI, “esta situação é tanto mais grave, quanto há várias empresas e organismos públicos que solicitam os serviços da Contact Center. Por isso, tínhamos já solicitado a estes clientes do Contact Center uma tomada de posição acerca desta situação. Foi com grande espanto que recebemos as respostas do Instituto Português da Juventude afirmando não se querer pronunciar sobre a questão, e do Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana que respondeu ao lado e tratou a nossa carta como se se tratasse de uma reclamação. Ficámos ainda mais desagradados com a falta de resposta e o silêncio cúmplice da RTP e do Turismo de Portugal, S.A.”.
O PI manifesta que “não aceitamos que a precariedade se torne a norma das relações laborais e que seja normal que existam dinheiros públicos a financiá-la”.
O administrador delegado da Contact, Pedro Champalimaud, sobre as críticas acerca da precariedade dos postos de trabalho, afirmou que “a empresa cumpre integralmente os regulamentos e normativos legais em vigor”.
Dos 450 colaboradores da empresa em Caldas da Rainha “320 têm vínculo contratual à Contact” disse, acrescentando que “os restantes encontram-se em regime de trabalho temporário, que é a forma legal de ajustar as necessidades de mão-de-obra a operações de curta duração ou a picos sazonais, cuja contratação directa não se justifica”.
Pedro Champalimaud refuta as acusações de exploração adiantando que “o salário bruto médio de um colaborador full-time ronda os 750 euros mensais e, em part-time (4 horas) ronda os 385 euros mensais”.Recorde-se que em Abril deste ano, a Câmara Municipal das Caldas da Rainha avançou, por iniciativa do presidente da autarquia, com o financiamento do aumento do espaço das instalações da Contact, para permitir que venham a ser criados mais 350 novos postos de trabalho. Fernando Costa alegou “a relevância da criação de mais postos de trabalho no momento de crise económica e desemprego”, razão que levou à aprovação por unanimidade na reunião de Câmara.A decisão foi ratificada na Assembleia Municipal pela maioria dos 31 dos deputados do PSD, PS e CDS-PP, com uma abstenção da CDU, tendo o presidente da autarquia revelado o interesse da empresa em expandir as instalações, onde emprega actualmente cerca de 700 pessoas, descrevendo que “as actuais instalações estão a rebentar pelas costuras”.De acordo com o autarca, a expansão da empresa garantirá “150 mil euros de ordenados por mês”, constituindo “a tábua de salvação para muitas famílias”.
Francisco Gomes»
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