Acordos no Conflito :: Histórias de Mentira e Hipocrisia
José Sócrates, garantia a 24 de Novembro de 2009 que não iria haver aumento de impostos. Nesse belo dia de inverno, o primeiro ministro dizia que o orçamento de estado de 2010 tinha como prioridades o emprego e o crescimento económico.
Por essa altura, o jovem aspirante a líder do PSD, Pedro Passos Coelho, dizia que o Governo devia adiar a votação do PEC por 15 dias. Motivo? Acreditava ele que o PSD devia votar contra porque o programa não incluia as medidas estruturais que o país precisava.
6 meses passaram…
Hoje, batemos a marca histórica de desemprego desde que há registos no INE. Uma coisa é certa, agora já não batemos mais recordes históricos de desemprego, só os actuais, os de Sócrates.
Passos Coelho, o novo líder do PSD, dança agora o tango com Sócrates. Absteve-se na votação do primeiro PEC (o tal que ia votar contra), e apoiou e desenvolveu o 2º PEC com Sócrates. O PSD, que diz que o “governo merece ser censurado” e “faz parte do problema e não da solução”, absteve-se mais uma vez, na última moção de censura ao Governo apresentada na AR.
O CDS, do ultra conservador cristão, Paulo Portas, defendeu sempre o corte no orçamento de políticas públicas. Este é o mesmo Paulo Portas ex-ministro da defesa, que decidiu que o Estado deveria gastar mil milhões de € em dois submarinos, mais do dobro do valor que o Estado gasta no RSI. Os submarinos no entanto, deram rendimentos muito pouco sociais a 4 políticos do governo PSD-CDS, que terão recebido 6,4 milhões de €. Contrato este, sob investigação em Portugal e na Alemanha, e já resultou na detenção do gestor alemão da empresa que negociou as contrapartidas.
A correr por fora continuam os de sempre. Mário Soares, pai dos “Recibos Verdes” e histórico dirigente do PS, acorreu a celebrar Passos Coelho. Para Soares, o líder do PSD está a jogar como deve ser, não pode ter pressa de ir para primeiro ministro, afinal é um homem “razoável e sensato”, a saber, apoia agora as medidas de austeridade, e teve o jogo de cintura, ou melhor, o cinismo e hipocrisia necessários para demonstrar que pode ser um primeiro ministro à altura da alternância que tudo tem aniquilado, daqueles que hoje dizem uma coisa, e amanhã fazem outra.
Entretanto, Passos Coelho deu mais uma mostra ao que vem. Considera que a existir uma greve, ela “só pode aumentar os problemas do país”. Depois de um líder do PSD que julgava que se devia parar a democracia para se pôr tudo em ordem (Manuela Ferreira Leite), vem agora um jovem, mais moderno, dizer que afinal esse direito fundamental e inalienável da sociedade, de todos e todas, só pode aumentar os problemas de um país.
Contra todos os jogos e partidos de poder, e contra todos os políticos de carreira que jogam na cintura e na mentira, estarão na rua muitos milhares de pessoas no próximo sábado dia 29 de Maio. Pessoas essas que vivem do seu trabalho e que mais não fazem do que procurar melhorar a democracia de um país capturado pelos interesses, pelas danças de cadeiras, e por uma alternância podre que há muito entrega o poder a uma classe totalmente incapaz de organizar um país para o desenvolvimento económico e social e para o bem comum.
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