“Ajuda” externa será de 75 a 90 mil milhões de euros

Mas olhemos bem para este valor. Para termos termo de comparação, o PIB (Produto Interno Bruto) de Portugal em 2010 foi de 170 mil milhões de euros, ou seja, foi este o valor da riqueza que durante todo o ano de 2010 os portugueses e as portuguesas criaram.
Em 2011 o Governo previa ter de receitas 71,3 mil milhões de euros e previa gastar 79,3 mil milhões de euros, dos quais 6,2 mil milhões de euros este ano seriam apenas para pagar os empréstimos que vencem este ano.

O Estado deve à banca nacional cerca de 40 mil milhões de euros, dívida esta que tem diferentes prazos de maturidade. Mas como é que ficámos a dever tanto dinheiro aos bancos portugueses? A resposta é simples. O Banco Central Europeu empresta dinheiro aos bancos mas não pode, estatutariamente, emprestar dinheiro aos Estados e, assim, os Governos são obrigados a negociar com os bancos (nacionais e internacionais) para se poderem financiar.
Disto, e visto que os bancos privados se financiam junto do BCE a taxas de juro de cerca de 1% e exigem juros muito superiores a isto – Portugal tinha ontem as taxas de juro da dívida a 10 anos perto dos 8,7% – para comprarem dívida dos países, resulta que a banca privada, incluindo a nacional, tem feito fortunas a comprar dinheiro barato na UE e a vender caro cá.
E quem é que paga este enriquecimento da banca privada? Essa resposta é ainda mais simples: somos todos e todas nós. É através dos impostos, dos cortes nos salários, nas pensões e nos trabalhos, que vamos pagando aquilo que os bancos vão ganhando.
E a situação vai piorar muito. Para podermos aceder aos 90 mil milhões de euros, o Fundo Europeu de Estabilização Financeira e o FMI vão exigir mais esforços e mais contracção da economia. Isso tem o custo de milhões de vidas.
Mas os precários e as precárias há muito que já estão a pagar e sabem que a sua margem para pagarem mais é reduzida. Para mais quando sabem que se prevê realizar um apoio aos bancos de muitos milhões de euros já este ano. Realmente não sabemos onde é que a banca está a gastar o dinheiro, mas sabemos que são eles que estão a ganhar e cada vez mais com a crise.
Cabe nos a nós dizer que não aguentamos mais. Que queremos respostas novas e que não aceitamos continuar este caminho em que trabalhamos cada vez mais e temos cada vez menos tempo, tudo em proveito das siglas BPN, BCP, BES, etc.
Ricardo Santana
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