Alguns números e considerações sobre desemprego

O INE estima para o 4º trimestre de 2011 uma taxa de desemprego de 14%, um valor record nas últimas décadas em Portugal, representando um total de 771 mil pessoas desempregadas, uma subida 11,8% em relação ao trimestre anterior. Infelizmente, apesar de trágicos, estes números estão bastante longe da realidade, porque existem centenas de milhar de desempregados que vivem dos biscates e que já desistiram de se inscrever nos centros de emprego. Estes são os resultados consequentes de vários anos de falhanço, agora agravados com as políticas do actual governo de Passos Coelho e Paulo Portas, que bem se têm esforçado por fazer as vontades ao patronato através da liberalização dos despedimentos e privatização e emagrecimento de serviços públicos. Um falhanço que é assumido por quem disistiu do país, apontando a emigração como saída para os jovens desempregados e mais qualificados.
Do relatório do INE ressaltam alguns números que nos devem fazer pensar:



  • Com uma população activa de 5.506,5 mil pessoas, no 4º trimestre de 2011 a população empregada totalizou 4.735,4 mil pessoas, tendo registado um decréscimo de 118,3 mil pessoas, das quais 79,5 mil (67%) tinham idades compreendidas entre os 15 e os 34 anos.
  • A diminuição do emprego na indústria, construção, energia e água (-58 mil) explicou 49% da variação ocorrida no emprego total.
  • O número de desempregados dos 15 aos 34 anos aumentou 17% (+54,1 mil pessoas) do 3º para o 4º trimestre.
  • 46,6% dos desempregados tem idade compreendida entre 15 e 34 anos
  • 57% dos desempregados procura emprego à 12 ou mais meses (405,5 mil pessoas)
  • As taxas de desemprego mais elevadas foram registadas nas regiões do Algarve (17,5%), Autónoma dos Açores (15,1%), Lisboa (14,7%) e Norte (14,1%)
O desemprego e a precariedade andam de mãos dadas, se a primeira condição é a chantagem para a perpetuação e crescimento da segunda, é o pau de arremesso dos patrões para todos os trabalhadores que lavantam a sua voz para conquistar direitos no trabalho, também a precariedade é a condição que permite alimentar o seu próprio banco de suplentes, de forma acelerada, na fileira do desemprego. A ausência de vontade política por parte dos governos para resolver o problema do desemprego reflecte a ambição da manutenção e generalização da precariedade que abre caminho à redução de salários e à degradação dos direitos no trabalho.
Porque não aceitamos desistir do país e porque sabemos que o caminho da destruição de direitos sociais não é inevitável, os Precários Inflexíveis continuarão na rua, juntando pessoas e ideias para construir alternativas.
Relatório do INE (aqui)
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