Américo Amorim defende a sua fortuna

Mais uma empresa, mais um despedimento colectivo… Corticeira Amorim anunciou hoje despedimento colectivo de cerca de 195 trabalhadores (ver notícia aqui).

O PATRÃO mais rico do nosso país, recentemente nomeado por nós nos Prémios Precariedade, na categoria Acumulação por ter ganho espaço considerável nos homens bem sucedidos deste país (ver aqui), também vem aderir à onda de despedimentos colectivos, aproveitando o consentimento generalizado que a ‘crise faz destas coisas’.

E porquê este despedimento? Falamos de crise?…então falemos de crise!
Quebra de procura, logo quebra de vendas…acredito!
Quebra de lucros, da empresa em causa…talvez!
Perigo de a empresa entrar em ruptura e em perigo de falência…Espera? passamos de lucros para perigo de colapso? começa a ser mais difícil engolir!

Sabemos que esta empresa não está no mercado desde hoje, ou seja acumulou riqueza, ao longo dos anos, riqueza fruto do trabalho daqueles que agora, num período menos bom, vêem o seu posto de trabalho na berlinda. Riqueza esta, que não melhorou as suas condições de trabalho em fase próspera da empresa, e que também não serve para assegurar o seu posto, neste período menos bom…

Mas apesar da vida destas 195 pessoas estar a ser jogada no lixo, agora que estamos numa fase ‘difícil’, há um senhor que continuará a acumular riqueza! Com mais ou menos dificuldades, com mais ou menos crise, veremos o quanto próspero será este ano de crise para o SENHOR AMORIM!

E já agora, há perguntas cada vez mais prementes!

Primeiro, quando terminarmos o período malfadado (certamente para uns) de crise, onde ficarão estes 195 trabalhadores?
Depois do desemprego, serão compelidos a encontrar qualquer coisa, em quaisquer condições, para garantir o pão na mesa, e um lugar para ter a mesa… voltando ao mercado de trabalho, em condições debilitadas frente a SENHORes AMORIMs que continuam com riquezas confortáveis… Confortáveis para eles e para as novas negociações com os seus trabalhadores.

Não fosse apenas a crise, as novas regras laborais acompanham a sua sede de acumulação, tornando estes trabalhadores descartáveis, podendo ser mais uma vez postos fora dos seus locais de trabalho, sem que para isso tenha que haver uma crise mundial, que ajude a justificar a coisa.

A segunda pergunta, prende-se com as razões que justificam as alterações ao código de trabalho: Porquê flexibilizar as relações laborais, quando é tão simples despedir numa empresa que até ao momento só transbordou saúde financeira? Bastando alegar uma previsão para justificar tal acto!

E de seguida, muitas outras questões.
Será que nos querem passar a despedir mesmo sem previsões assombrosas de economistas ou astrólogos?

Será que este novo código de trabalho vai-lhes então permitir um velho jogo sujo, de andar sempre à procura de quem dá mais por cada vez menos? Menos dinheiro, menos direitos, menos dignidade…

Mafalda

Facebooktwitterredditlinkedintumblrmailby feather