Análise | Declínio dos trabalhos mais estáveis
RESUMO: Houve um declínio constante e coerente das formas de contratação mais estáveis e dos vínculos menos precários. O trabalho a tempo inteiro, por norma mais bem remunerado, sofreu um declínio acentuado que se materializou numa perda de 570 mil postos de trabalho a tempo inteiro em 6 anos (12,5%). O número de trabalhadores por conta de outrem decresceu 8,5% desde o 2º trimestre de 2008, tendo-se perdido 340 mil empregos desde então. Desde a assinatura do memorando da troika os trabalhadores a contrato sem termo viram um declínio que acelerou a tendência decrescente anterior: nos últimos 15 meses perderam-se em média 7467 contratados sem termo por mês. A aceleração da perda de empregos estáveis desde a assinatura do memorando é absolutamente sem paralelo: há 3,26 vezes mais perda de trabalho a tempo inteiro, 3,31 vezes mais perda de contratos sem termo e 695 vezes mais perda de trabalho por conta de outrem!
NOTA: Destacamos que existem dentro dos trabalhadores por conta de outrem muitos trabalhadores precários, assim como dentro dos trabalhadores a tempo inteiro. São disso exemplo trabalhadores contratados a prazo, através de empresas de trabalho temporário etc.. A soma dos empregos perdidos nestas 3 categorias ultrapassa o total de novos desempregados porque muitos acumulam as 3 condições e perderam o seu emprego: são contratados sem termo, por conta de outrem e a tempo inteiro (e outras combinações de 2 destas 3 categorias)
Sobre o declínio dos trabalhos mais estáveis:
– No princípio de 2006 havia 4.56 milhões de trabalhadores a tempo inteiro, no 3º trimestre de 2012 3,99 milhões (uma perda de 570 mil empregos a tempo inteiro e um declínio de 12,5%). Desde a assinatura do memorando da troika perderam-se 270 mil empregos a tempo inteiro, um declínio de 6,3%, ao ritmo de 18 mil empregos a tempo inteiro perdidos por mês).
– O número de trabalhadores por conta de outrem caiu de 3,87 milhões em 2006 para 3,64 milhões no 3º trimestre de 2012, um decréscimo de 5,9%. No entanto o pico dos trabalhadores a conta de outrem neste período foi no 2º trimestre de 2008, quando atingiu 3,98 milhões (desde então perderam-se 340 mil empregos por conta de outrem , um decréscimo de 8,5%). Desde a assinatura do memorando da troika perderam-se 219 mil empregos por conta de outrem, com um ritmo de destruição de 14,6 mil empregos por mês (decréscimo de 5,7%).
– Desde o 1º trimestre de 2006 que se perderam 254 mil postos de trabalho contratados sem termo, um declínio de 8,1%. Desde a assinatura do memorando o ritmo acelerou tendo-se perdido em 15 meses 112 mil contratados sem termo. O ritmo de perda de contratos sem termo foi em média de 7467 por mês.
Sobre o ritmo de perdas de emprego, é admirável a evolução e o contributo decisivo da assinatura do memorando da troika para as perdas dos vínculos de trabalho mais estáveis. Comparando o ritmo de perdas de emprego por mês em média desde 2006:
Perda de emprego por tipo de contrato |
1ºT2006 à entrada da Troika |
Desde assinatura do Memorando Troika |
A tempo inteiro |
5520 |
18000 |
Por conta de outrem |
31 |
14600 |
Sem termo |
2254 |
7467 |
Podemos observar que desde a assinatura do memorando da troika, para os contratos a tempo inteiro se perdem 3.26 vezes mais empregos, para os contratos sem termo 3,31 vezes mais perdas e para os contratos por conta de outrem 695 vezes mais (relacionado com uma grande estabilidade nos contratos por conta de outrem prévia à assinatura do memorando e com a grandíssima perda de empregos após a mesma).
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