Apupos em Elvas: quando Governo e Presidente não podem sair à rua isso não é uma crise política?
Hoje, aquando das comemorações do 10 de junho em Elvas, Passos e Cavaco foram apupados e vaiados pela multidão que empunhava cartazes exigindo a demissão do Governo. Mas ainda há poucas semanas era o próprio Presidente da República que dizia que não demitia o Governo porque isso seria abrir uma crise política.
A pergunta então impõe-se: quando nenhum membro do Governo pode fazer declarações públicas sem ser apupado e quando Presidente da República é sistematicamente vaiado isso não é uma crise política?
A resposta é possívelmente mais dura do que se pensa. É possível que não estejamos frente a uma crise política, mas sim a uma crise de regime.
Uma crise de regime, pois um Presidente que tem como missão última ser o representante do povo se demite dessa responsabilidade não porque não veja outras alternativas, mas porque o regime de austeridade, imposto pela troika e executado pelo Governo de Passos, Portas e Gaspar não admite sequer que se pense em alternativas à dívida e ao défice.
Se é claro que hoje todos os países intervencionados pela troika ou sob programas de bailout mais ou menos elaborados se encontram piores do que no início da crise também é claro que os europeus já perceberam que esta crise não lhes serve e que o caminho da austeridade não nos salvará. Disso foi prova a Greve Geral ibérica de 24 de novembro e a mobilização internacional do passado dia 1 de junho.
Se Passos não quer, Portas não pode e Cavaco não sabe, resta a força da mobilização de todas e todos aqueles que sofrem com o desemprego, a precariedade, a emigração e o abaixamento dos salários e dos serviços públicos.
A Greve Geral com a convocatória mais abrangente desde o 25 de abril em Portugal é já no próximo dia 27 de junho. Os Precários lá estarão.
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