Arquitectura em Derrocada
Assim como noutras áreas de experiência laboral, a arquitectura apresenta-se, cada vez mais, como uma actividade consagrada às elites. De facto, trabalhar como arquitecto a tempo inteiro acaba por se aproximar mais a um hobby prestigiante do que de uma possibilidade real de emprego. Isto porque poucos são os que podem subsistir com os rendimentos auferidos do próprio trabalho.
No campo relativamente circunscrito e anónimo de muitos ateliers instaurou-se, sem reservas, a prática de condenar os trabalhadores ao pagamento de salários irrisório através de falsos recibos verdes. Uma situação que muitas vezes se arrasta até ao limite da esperança num contrato de trabalho que possa garantir a sobrevivência autónoma do trabalhador. Assim, não é de espantar que, como nas redacções dos órgãos de comunicação social, se construam mapas de pessoal com uma média etária cada vez mais baixa, já que os empregados mais experientes se vêem obrigados a procurar melhores remunerações numa outra área.
A garantir a arquitectura portuguesa encontramos uma maioria de recém-licenciados, remetidos a estágios incessantes, que almejam atingir o momento de preencher o primeiro falso recibo verde. “Por sorte”, temos os ainda os arquitectos empregadores, uma minoria de privilegiados que garante a sua riqueza não só através da exploração dos seus trabalhadores, mas também pelo consórcio informal, ou não, com as grandes empresas construtoras e pela obtenção de projectos públicos fornecidos pelos governantes pela “porta do cavalo”. Há já algumas semanas, o jornal Público noticiou um desses casos, reportando que a empresa pública “Parque Escolar” gastou mais de 20 milhões de euros em projectos de arquitectura que foram adjudicados por convite directo, sem consulta a terceiros nem publicitação dos contratados.
Na realidade, o negócio da arquitectura não deixou de ser lucrativo: antes traz lucros cada vez mais avultados para uma minoria interessada em manter os seus trabalhadores pelo fio da precariedade.
Sara Gamito
by
http://www.youtube.com/watch?v=SPyY8s-RtGA
Não esquecer estas sucessivas direcções da Ordem, que funciona como clube social para a minoria dirigida pelos nomes do costume, que se opõem a uma politica transparente, por exemplo relativamente a concursos publicos abertos e anónimos.
A Ordem oficialmente “recomenda” a remuneração de estágios e dignidade da profissão mas ao mesmo tempo abertamente patrocina a precariedade- alguém acredita que exista algum grande ou médio atelier sem precários?
Uma pequena prova? É ver a secção “Bolsa de Emprego (!)” dos sites da OASRN e da OASRS, onde constantemente se encontram quase exclusivamente anuncios de estágios profissionais e curriculares- que saem de borla ou a aldrabar no InovJovem (paga só o Estado um dos salários mínimos)ou manifestamente precários. Isto é uma Bolsa de Emprego??
Os estágios são um não-emprego, uma doença na profissão!
Alguns são mais descarados:
http://www.oasrn.org/bol_oferta.php?action=ver&id=2109
“Necessitamos para admissão imediata de 2 arquitectos (…) em full-time e regime de prestação de serviços. “
65% dos arquitectos inscritos têm menos de 35 anos e estão na maioria nestas condições no entanto a taxa de abstenção nas eleições anda nos 80%. É desolador…
O exercício profissional da arquitectura em Portugal é uma VERGONHA. NINGUÉM cumpre a lei.É para mim, a pior classe profissional. Mais uma vez, uma VERGONHA.
Parece que então está na hora de os tais jovens arquitectos começarem a pensar em reagir… há gente pronta a avançar para fazer uma luta contra o mercado negro no trabalho em arquitectura.
vamos a isso? contactem o PI ou o FERVE