Associação de amas contra proposta do Governo: “esta lei é a maior maldade de todos os tempos”
O parlamento discute esta 5ª feira uma proposta do Governo para criar um novo regime profissional para as amas. O argumento do ministro Pedro Mota Soares é que é preciso regulamentar a profissão. No entanto, mais um milhar de profissionais estão há 30 anos a assegurar, todos os dias, o regime de creche familiar. São 30 longos anos a trabalhar a falsos recibos verdes para a Segurança Social, na prestação de cuidados a crianças de famílias de baixos rendimentos. Se esta lei for aprovada, estas amas vão ser desvinculadas da Segurança Social e fica em risco o serviço que é prestado às crianças. A Associação de Profissionais dos Regime de Amas (APRA) diz que estão a ser “desprezadas” pelo Governo e a desproteger as crianças. Carregar na imagem, para ver reportagem RTP.
A associação que representa as amas diz que, com o regime que o Governo quer aprovar, cerca de metade das 1142 amas registadas em todo o país correm o risco de ficar sem o trabalho, depois de décadas de dedicação à profissão. Paula Melo, presidente da APRA, avisa que se corre o risco de que “todas as amas da Segurança Social vão para o desemprego”. Romana de Sousa, outra responsável da APRA, diz mesmo que “esta lei é a maior maldade de todos os tempos”.
Este plano já está em marcha, porque os serviços já estão a negar o apoio às famílias que o solicitam: as amas estão a ser empurradas deliberadamente para a inactividade, enquanto as famílias carenciadas estão a ser empurradas para o privado, que não conseguem pagar. Romana de Sousa, explica a estratégia de Mota Soares: “Dizem que não há crianças, mas é mentira. O que eles estão é a preparar já o terreno para daqui a um ano poderem dispensar estas amas, entregando tudo ao mercado”.
A APRA afirma ainda que todo este processo foi feito pelo Ministério “nas costas das amas”. Pedro Mota Soares, sempre rápido a defender a natalidade e as famílias, já cada vez menos convicto a afirmar-se defensor dos precários, simplesmente ignorou estas profissionais e a sua dedicação de décadas.
Conhecemos de perto o drama destas profissionais, que, apesar de maltratadas por sucessivos Governos, nunca deixaram de assegurar um serviço público essencial e com todo o rigor. Mais do que um abraço solidário, deixamos a nossa admiração pela força da sua luta e por nunca desistirem. E por continuarem, todos os dias, a cuidar de milhares de crianças sem recursos que, de outra forma, deixaria as famílias alternativa. Continuaremos ao seu lado, a lutar contra mais esta lei injusta e pelos direitos que lhes são negados há tantos anos.
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