Associação de Combate à Precariedade lança inquérito dirigido a investigadores científicos

No âmbito do Roteiro contra a Precariedade na Investigação Científica iniciado no dia 5 de Fevereiro, a Associação de Combate à Precariedade lança hoje um inquérito (disponível aqui) a quem realiza trabalho de investigação ou presta apoio a esse trabalho.

No final de Janeiro, o Presidente da FCT Miguel Seabra mostrava com indolência a sua incapacidade para diagnosticar a fuga de cérebros no nosso país, afirmando que “acompanhamos razoavelmente as pessoas que financiamos, mas uma pessoa deixa de ser financiada pela FCT por muitas razões: morreu, adoeceu, desistiu, foi-se embora, porque não tem oportunidades. Isso põe-nos dificuldades” (notícia aqui).

Pouco tempo depois, o Ministro Nuno Crato defendia que as bolsas de investigação não devem ser vistas como emprego científico, mas sim como “oportunidades de formação avançada”. Admitindo assim que o que a FCT promove e oferece à maioria dos investigadores não é, na realidade, emprego científico (aqui).

Este interesse dos actuais decisores políticos em esconder a precariedade no trabalho científico e a emigração que esta provoca merece uma resposta.

O inquérito que é hoje lançado tem como objectivo conhecer o peso da precariedade no trabalho científico feito em Portugal. Para tal são feitas perguntas sobre o percurso académico de cada pessoa envolvida no trabalho de investigação, e o tipo de vínculo laboral mantido ao longo desse percurso. O inquérito é aberto a todas as pessoas que trabalham em ciência e tecnologia, desde o bolseiro de investigação, até ao professor universitário, passando pelos bolseiros de gestão de ciência e tecnologia e estagiários.

Com perguntas como “Quantas bolsas já tiveste?”, “Alguma vez trabalhaste em investigação científica com um contrato de trabalho?” ou “Pensas emigrar?”, a Associação de Combate à Precariedade pretende compreender, com dados concretos, a dimensão da precariedade de quem faz a ciência e a tecnologia avançar e colmatar o desinteresse dos quais Nuno Crato e Miguel Seabra se alimentam para destruir a estrutura científica em Portugal.

É fundamental a participação de todas as pessoas que trabalham em ciência e tecnologia para podermos retratar de forma factual a precariedade que nos afecta. Só assim podemos desconstruir a demagogia do Governo, que obstina em relativizar os cortes que levam à destruição da investigação e do país, expulsando centenas de investigadores para o estrangeiro, onde o seu trabalho é reconhecido. Apelamos por isso à tua colaboração!

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