Aumentos nos transportes

E com a chegada do primeiro dia de Agosto, o sol de Verão desapareceu e deu lugar a uma chuva de aumentos nos preços dos transportes. O aumento médio nos serviços de metropolitano, autocarros e comboios de Lisboa e Porto é de 15% mas em certos casos ultrapassa os 25%, é o caso do passe mensal mais simples (zona 1) dos comboios da Linha de Sintra, os anteriores 22,75 euros, passam a 28,5 euros.

Atravessar o Tejo de barco também ficará muito mais caro. O maior aumento é na ligação Barreiro – Terreiro do Paço, mensalmente, terão de ser pagos 32,65 euros, o que corresponde a um aumento de 4,55 euros. O Metro de Lisboa irá passar o seu passe mensal urbano de 19,55 euros para 23,90 euros e um bilhete simples de uma zona de 0,90 euros para 1,05.


Também no Grande Porto os aumentos não são meigos. A assinatura mensal do Andante (STCP e CP), para as zonas mais vendidas, aumentará em 15,3%. O título T1 de 10 viagens da STCP (título ocasional mais vendido) passa de 7,50 euros para 20 euros, aumento de 20%.

As previsões feitas pelas principais empresas do sector, apontam para que os utentes dos seus serviços gastem mais 27,4 milhões de euros até ao final do ano com estes aumentos. É sabido que a dívida destas empresas públicas é bastante elevada, mas também é sabido que esta dívida foi causada por uma fraca política de transportes dos sucessivos governos, uma desadequação das redes às necessidades reais das populações e uma má gestão dos dinheiros públicos que financiam o sector, em muitas casos gestões fraudulentas que desbarataram as contribuições fiscais de cada um de nós.

O que falta é que os serviços de transportes públicos sejam encarados como o que realmente são, um serviço público em que a necessidade de lucro deve estar sempre subjugada às necessidades das populações que os utilizam.

Com a entrada em vigor destas novas tabelas, já hoje, houve protestos contra estes aumentos, sendo que, 38 elementos da Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (FECTRANS) e do Movimentos dos Utentes dos Serviços Públicos (MUSP), conseguiram ser recebidos no Ministério da Economia pelo chefe de gabinete do ministro da Economia. Amável Alves da FECTRANS afirmou que esta “é uma decisão que atinge os que menos têm e que tem em vista também a intenção de privatizar o sector dos transportes, penalizando os utentes”.

Entretanto, o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, foi já avisando que “em Janeiro, como sempre, haverá uma nova actualização das tarifas” mas que vai tentar “evitar ao máximo que os aumentos sejam feitos”. Será? Disse ainda que está planeada uma reestruturação do sector nos próximos meses.

Este é mais um passo para que o plano de privatizações que o governo quer aplicar, seja brevemente posto em prática. Por este caminho, a manutenção das redes de transportes públicos será completamente incomportável para o Estado e quando a altura da privatização chegar, será defendido que ela é a única saída para salvar estas empresas.

Por agora, a luta e a contestação social ainda não foram privatizadas e prevê-se que dificilmente sejam. Lutemos, portanto, contra mais este roubo feito aos nossos bolsos.

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