Austeridade na Grécia: a antecâmara do saque na Europa

Oportunamente, um dia depois das mobilizações do 1º de Maio, o empréstimo para “salvar” a economia grega foi concedido: no passado domingo, foi anunciada a transferência, ao longo de 3 anos, de 110 mil milhões de euros. Os países da Zona Euro contribuem com 80 mil milhões e o Fundo Monetário Internacional vai participar, com garras de fora, com 30 mil milhões. A Portugal cabe uma fatia de mais de 2 mil milhões de euros.
Mas, claro está, está “solidariedade” tem “contrapartidas”. Elogiado por todos os senhores governantes da crise por essa Europa e mundo fora, o plano de austeridade anunciado pelo Governo grego é verdadeiramente brutal: eliminação do subsídio de férias e do subsídio de Natal para todos os funcionários públicos e pensionistas, cortes generalizados nos salários, o aumento do IVA em dois pontos percentuais (de 21% para 23%) ou o congelamento de novas admissões na Função Pública. As agências de rating, todos os especuladores e oportunistas mandam e a Europa obedece – “salvar” a Grécia tem que ser proteger os privilegiados e punir os mais fracos.

Os sindicatos gregos uniram-se para dizer que estas são as medidas “mais injustas de sempre”, denunciando que “aqueles que roubaram o país” continuam a salvo – a próxima 4ª feira será mais um dia de mobilização, numa nova greve geral na Grécia.
Fica assim claro que os gestores políticos desta crise não estão dispostos a inverter o caminho que passa a factura para as vítimas, enquanto poupam os culpados e lhes garantem os proveitos que exigem, apesar de nunca ter sido tão claro o seu comportamento criminoso. Esta receita já está a ser aplicada um pouco por todo o lado, como é sabido. Em Portugal, o PEC é a face visível deste ataque, com cortes nas prestações sociais, congelamento salarial e privatização de serviços públicos essenciais.
A austeridade renovada na Grécia é, além do mais, um aviso à navegação. É esta a nova bitola para o ajuste do roubo aos direitos sociais e às condições de vida dos cidadãos um pouco por toda a Europa. Aliás, Portugal está na fila, em conjunto com a Espanha e a Irlanda, para novas medidas de asfixia para o conjunto da classe trabalhadora. 
Diz o primeiro-ministro grego que está crise “é uma oportunidade”. É verdade que esta frase já é muito batida, mas aqui é mais pertinente que nunca: aqui está a oportunidade que os saqueadores de direitos e de vidas vêem para cavar ainda mais fundo na exploração. Mais uma vez, a única solução é mesmo a mobilização e o combate ao PEC e a todas as medidas de austeridade que transferem para quem só trabalha para viver a factura dos criminosos da crise.
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