Banha da Cobra

Inquieta-me que nos tentem vender esperança e prosperidade através de medidas sem grande alcance, como é o caso do programa Novas Oportunidades. Aceito a sua importância na requalificação de alguns profissionais e mesmo na elevação pessoal destes, contudo não me parece credível que o programa em questão tenha a virtude de contribuir como facilitador no acesso ao trabalho, quando nos deparamos com uma realidade em que existe um cada vez maior número de indivíduos com qualificações superiores absorvidos por um mercado em que são escassas as oportunidades de carreira e proliferam, na verdade, os oportunismos de quem explora os fragilizados e os converte em mão-de-obra barata e descartável, num contexto de imoralidades e ilegalidades.

Que modernidade haveriam de conspirar as elites que teimam em prostituir-nos com o seu desejo de poder sem pudor de desconstruir a legislação laboral e transformá-la num democrático instrumento de precarização?!

Não sou por utopias, porque não nos salvam. O que está em causa combater é a corrupção dos direitos dos trabalhadores, visível na falta de moralidade com que os «patrõezinhos» jogam os destinos de todos nós, como se nos devessemos limitar a ser insignificantes peças descartáveis de um puzzle indefinido, constantemente alterado pelas mais altas necessidades da economia podre – tão contrárias às reais de um ser humano: ter autonomia e independência; investir em formação e lazer; formar uma família; construir prosperidade, conhecimento, cultura, informação, …

Acredito na importância do saber ouvir. Para criticar. Propôr. Sejamos coerentes e construtivos nas nossas opiniões e intervenções. Pautemos pela sobriedade e criatividade. Que o nosso discurso e as nossas acções sejam capazes de renovar-se de modo a romper o instituído.

Acredito no saber existir, sempre buscando a afirmação pelo diálogo com aqueles que reduzem a humanidade à nossa existência, sempre propondo alternativas.

marTA

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