Blockupy: mais de 20 mil juntam-se para contestar a austeridade do BCE

Ontem foi dia intenso de luta contra a austeridade, a Troika e a precariedade. Na barriga mole do Dragão, milhares vindos de toda a Alemanha e toda a Europa foram às ruas de Frankfurt dizer que não às políticas do BCE e à festa infame promovida para a inauguração da sua multimilionária sede. Os Precários estiveram lá.

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A manhã de 18 de março começou cedo para os mais de 6 mil activistas (pelo menos mil dos quais estrangeiros, principalmente italianos) que constituíram os 5 blocos que a organização do Blockupy preparou para travar o funcionamento do Banco Central Europeu e conseguir estragar a festa de gala da inauguração da nova sede do BCE, que custou 1,4 mil milhões de euros a construir.

Às 6 da manhã todos os cinco pontos de acesso à nova sede do BCE estavam a ser bloqueados pelos activistas, deixando a polícia em vários momentos despreparada par o que estava a ocorrer. O recurso a gás, canhões de água e cargas rápidas conseguiu no entanto repor a circulação em alguns dos bloqueios. Até às 13h mantiveram-se os blocos, embora poucos conseguissem manter de facto o bloqueio, e muito fustigados pela polícia. Por outro lado, começavam jogos de gato e raro entre os 10 mil policias destacados para proteger o BCE neste dia e grupos mais pequenos de activistas que em vários pontos tentavam encontrar uma entrada no perímetro de fosso e arame farpado montado pela polícia nos dias anteriores. Foi num destes momentos que foram detidos mais de 300 activistas, principalmente italianos, que haviam passado a manhã a conseguir ultrapassar as barreiras policiais.

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Finda a manhã e após descanso e almoço em vários pontos organizados pela cidade, começaram às 14 horas várias intervenções de activistas, sindicalistas, eurodeputados do Podemos e do Syriza, deputados alemães e a autora e activista americana Naomi Klein. Klein acusou as políticas de austeridade de, além de destruírem a sociedade através do empobrecimento e da destruição do salário e Estado Social (como também referido pelo eurodeputado Miguel Urbán e o secretário-geral do sindicato alemão IGM Metall), estarem a destruir o clima, com a privatização e desmantelamento dos serviços de transportes, das redes e sistemas de energia, da água, impedindo um plano de combate às alterações climáticas.

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Depois destas intervenções na Praça de Römer, frente à Câmara de Frankfurt, a manifestação arrancou rumo à Opernplatz, com muita cor, animação – com a palavra de ordem principal “A-Anti-Anticapitalista” e participação da população de Frankfurt. Estima-se que pudessem chegar a 30 mil os participantes na manifestação (mais 10 mil se se contarem os policias). No final, muitas pessoas voltaram às suas cidades e países. O grande triunfo da organização deste protesto foi conseguir trazer tantas organizações diferentes – movimentos sociais, sindicatos, partidos – e tantos activistas de vários países da Europa para dizerem, no centro do coração financeiro da Europa que a austeridade e a Troika são os inimigos dos povos europeus, que a Grécia tem a solidariedade internacional de tantos e tantas entre os povos europeus e que esta luta ainda agora começou. Podem contar com os Precários Inflexíveis para esta luta.

Hoje é dia de mais trabalho e logo pela manhã começam as reuniões temáticas do Blockupy, nomeadamente sobre a Greve Social e sobre a Rede Internacional de Precários.

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