Bruno Jesus, França :: Investigadores pelo Mundo
Começámos na semana passada a publicar a séries de testemunhos a que chamámos “Investigadores pelo Mundo”. Mostrámos um pouco da vida de três pessoas, em fases diferentes da carreira, que vivem na Holanda, nos Estados Unidos e no Reino Unido. Com esta série de testemunhos, pretendemos mostrar por um lado, que a situação vivida por quem se quer dedicar à investigação em Portugal não é a única opção. Há muitos outros países onde a investigação é assegurada por pessoas com direitos laborais, que não têm as suas vidas a prazo, saltando de bolsa em bolsa.
Por outro lado, esta série mostra também que a falta de investimento estruturado e comprometido com a investigação e Ciência, leva a que gerações sucessivas de investigadores emigrem levando consigo uma importante fatia de produção intelectual essencial para projectar Portugal economicamente.
Queremos com este conjunto de testemunhos de investigadores espalhados pelo mundo, fazendo o que gostam e com condições que muitas vezes não encontraram cá, pensar sobre outros caminhos e formatos de financiamento que a I&D pode tomar e como temos muito caminho a traçar nesse campo em Portugal.
Esta semana, publicaremos os testemunhos de Bruno Jesus, a fazer um pós-doutoramento em França; de Pedro Branco, a terminar o doutoramento na Holanda; e de Emília Santos, que fez o doutoramento na Suíça e inicia agora um pós-doc em França.
Bruno Jesus | França
1.Que investigação fazes ( IC, PhD, pós doc, etc), área profissional, e o teu trabalho está integrado num projecto de investigação mais amplo ou é um projecto individual?
De momento estou a trabalhar num projecto individual de pós-doutoramento sobre a aplicação de imagens hiperespectrais no estudo de sedimentos estuarinos. Globalmente o projecto insere-se na área de ecologia estuarina. É financiado pela Região do Pays de la Loire e decorre na Universidade de Nantes.
2. Que tipo de vínculo contratual tens (bolsa, contrato, etc)? Financiado por quem? Sempre foi assim?
Tenho um contrato de trabalho de dois anos com todos os direitos e deveres previstos na leis para um trabalhador contratado. Antes disto estava em Portugal onde fiz um doutoramento (4 anos) e 3 períodos de bolsas de pós-doutoramento (6 anos e meio) sem vínculo contractual.
3. Que tipo de vínculo têm os teus pares (colegas de laboratório, professores, orientadores)?
Todos têm contratos de trabalhos. Os professores tem contratos a termo indefinido e os estudantes de doutoramento têm contratos a termo certo.
4. Baseando-te na tua experiência, quais as principais diferenças que encontras relativamente à investigação em Portugal?
No sitio onde estou actualmente tratam-me como um profissional e valorizam a minha produção científica. Em Portugal nem por isso…
5. Tens apoio para fazer uma temporada/trabalho de campo noutro instituto/país para melhorar a investigação que fazes?
Isso não está previsto no meu contrato.
6. Qual a percepção pública dos investigadores no país onde trabalhas?
Não estou aqui há tempo suficiente para poder ter uma opinião informada sobre o assunto.
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