"Caldo na casa do pai"

Mais um depoimento que recebemos através de um comentário a um post.

Um dia destes também a ACT (vota!) começará a denunciar-nos estas situações. Ou, pelo menos, a actuar quando já não há forma de fingir que não sabe. Hoje assistimos à quase inexistência da sua actuação na área da fiscalização do direito do trabalho. Mas podemos e devemos continuar a denunciar estas situações. O que os grupos e movimentos que combatem a precariedade podem e devem dar-lhes eco.

“Meu filho, Filipe Orlando, licenciou-se no ESAD porque não teve hipótese de entrar em Belas Artes. Fez o curso à noite para poder ir trabalhando e ou fazer formações profissionais apoiadas pelo IEFP. Foi assim que, ao mesmo tempo que tirava o seu curso contribuía com algo para a sua independência e gastos enriquecendo o seu currículum.

Antes de entrar na faculdade ainda foi carteiro no Porto, 6 meses com contrato a prazo. Nos CTT, tirando os chefes, todos lhe faziam a vida negra! Após ter terminado o curso foi seleccionado pela AEP para frequentar um estágio no âmbito do Inovjovem que concluiu numa firma de Artes Gráficas do Porto que ficou com ele cerca de um ano, mas a receber menos 200,00 do que lhe pagava o Fundo Social Europeu durante o estágio (€ 800,00+subsídio de almoço). Mas nas férias da firma esta mandou-o para casa sem vencimento alegando que não iria ter que lhe dar que fazer.

Este ano, chegou a hora de pagar a Segurança Social por se ter acabado a isenção. Posto o problema ao patrão este apenas de deu + 100,00 €, não obstante ter sido informado que o mínimo para a Segurança Social era € 150,00. Ficou, portanto, com 700,00 € mensais e o patrão disse-lhe que este ano até lhe iria pagar o mês de férias da firma e fê-lo. Só que no dia 30/10/08 comunicou-lhe que não o poderia manter ao serviço e que teria de sair até ao dia 31-10-08, sem mais considerandos. Isto é reles!

Se não encontrar rapidamente novo emprego, como é o mais provável, como não beneficia de subsídio de desemprego vai ter que pedir o Rendimento Mínimo de Inserção se é que lho irão dar! E, claro, não vai poder dizer que está a comer caldo na casa do pai porque se o disser não lhe darão um cêntimo!”

19 de Novembro de 2008 16:19