Carlos Moedas e os Unicórnios..

O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, marcou presença na inauguração da nova sede da Glovo, na semana passada. E aproveitou para convidar a empresa a fazer parte de uma tal “Fábrica de Unicórnios”, que se vai instalar na zona do Beato. Um “favor” que o autarca, suplicante, pede à Glovo. Com entusiasmo, Moedas explana a sua visão para a cidade e para este proclamado centro de inovação. Fala dos milhares de milhões que estas empresas unicórnio representam, da grandeza da gigante Glovo. Fala de “oportunidades de trabalho” (não de emprego), mas não se refere às condições de trabalho das pessoas que produzem esses lucros.
A Glovo é uma das gigantes das plataformas que esconde relações de trabalho atrás da suposta “colaboração” de milhares de “trabalhadores independentes” que, afinal, à luz das considerações da Organização Internacional do Trabalho, da diretiva europeia em aprovação e, finalmente, até de acordo com a legislação laboral que em breve entrará em vigor, são mesmo trabalhadores e trabalhadoras das plataformas. O negócio da Glovo e das restantes plataformas resulta de uma estratégia selvagem de exploração de trabalho precário e sem protecção face a qualquer acidente – seja um acidente pessoal no decurso do seu trabalho, seja um erro informático da aplicação.
Moedas bem pode querer chamar-se “o presidente de Câmara da inovação”, mas a sua ilusória narrativa não engana. Lisboa, e o país, não precisam de fabricar mais unicórnios que se engordam com a precariedade alheia.
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