Carta Aberta à ACT sobre a situação dos trabalhadores do Contact-Center da Segurança Social em Castelo Branco
Como é do conhecimento público – informação aliás veiculada pelo Presidente do Instituto da Segurança Social, Edmundo Martinho -, os trabalhadores e trabalhadoras foram subcontratados a uma Empresa de Trabalho Temporário, a “RH+”. Os contratos de trabalho são a Contratos a Termo Incerto, o que no nosso entender não tem qualquer fundamento, pois o atendimento a contribuintes só pode ter carácter permanente.
Os trabalhadores encontram-se ao serviço da Segurança Social que, segundo o seu Presidente, deverá fornecer este serviço durante “muitos anos”. Portanto deverão ter um contrato Sem Termo.
Os Precários Inflexíveis instalaram no blog um contador que marcará o número de dias em que aguardamos uma resposta da Autoridade para as Condições no Trabalho (ACT) sobre este assunto.
Carta enviada:
“Exmo. Sr. Doutor Paulo Morgado de Carvalho
Presidente da Autoridade para as Condições do Trabalho e
Inspector-Geral do Trabalho
Embora já estivesse a funcionar desde o fim do ano passado, o novo Contact Center da Segurança Social em Castelo Branco acolheu, na semana passada, a honrosa visita do Senhor Ministro Vieira da Silva, em jeito de inauguração diferida.
O Senhor Ministro foi lá para falar-nos da melhoria dos serviços da Segurança Social, agora que aderiram à moderníssima forma de atendimento à distância, que vem, nos últimos anos, substituindo o contacto directo. O espírito empresarial está, sem dúvida, a conquistar o Estado.
O problema é que o Senhor Ministro não falou de quem trabalha no tal “Contact Center”. Nós relembramos: estas pessoas, cerca de duas centenas, foram contratadas por uma das muitas Empresas de Trabalho Temporário que engordam à custa da precariedade alheia (a RH+, neste caso), com a permissão do Governo e, naturalmente, a Provedoria de Vitalino Canas. Apesar do escândalo, estas pessoas não obtiveram mais do que a celebração de “Contratos a Termo Incerto”. Ou seja, a Segurança Social – o organismo do Estado que deve zelar pelas garantias dos cidadãos (na doença, no desemprego, na reforma) resultantes do seu trabalho – torna-se num estranho empregador, celebrando contratos precários com os seus funcionários. Será que a Segurança Social considera temporário, incerto no tempo, o atendimento aos contribuintes?
Desde a primeira hora, o PI chamou a atenção para o descaramento desta operação. Mais uma vez, é o próprio Estado a votar as pessoas que para ele trabalham à insegurança, impedindo-as de projectar o futuro das suas vidas. Contratos a Termo Incerto apenas deveriam servir para situações de trabalho excepcionais. Nesta modalidade, a hipótese de despedimento é permanente.
Não acreditamos que José Sócrates, Vieira da Silva ou Edmundo Martinho (Presidente do Instituto da Segurança Social) não conheçam a diferença entre um Contrato a Termo Incerto (Artigo 143 do Código de Trabalho) e um Contrato Sem Termo.
Mas quem não pode mesmo desconhecer esta enorme diferença é a Autoridade para as Condições no Trabalho (ACT). Daí que lhe enderecemos esta Carta, caro Dr. Paulo Morgado de Carvalho. O que lhe pedimos, apesar do insuficiente número de inspectores de que dispõe – em incumprimento com a lei, como V. Exa. já reconheceu -, é que se rogue a destacar um conjunto de profissionais para uma inspecção às instalações do Contact Center Segurança Social em Castelo Branco.
Não será decerto difícil constatar que estes trabalhadores e trabalhadoras, com contratos precários, desempenham funções que não são temporárias. Sabemos que há muito por onde investigar nesta área. E que, só no Estado, os inspectores não chegariam para que V. Exa. pudesse pôr cobro a todas as ilegalidades (nas autarquias, nos institutos e organismos públicos, nos ministérios, etc). Mas, dada a importância reconhecida à Segurança Social, particularmente no momento em que vivemos, e tendo em conta a publicidade deste caso, talvez ele mereça encaminhamento imediato. Sabemos que não entenderá este pedido como apenas uma impertinência dos Precários Inflexíveis, mas como uma vontade partilhada por muitos cidadãos e cidadãs.
Aguardamos com ansiedade a resposta à nossa missiva, certos de que merecemos a melhor atenção.
Cumprimentos,
Precários Inflexíveis”







são vocês ha espera de uma resposta ha um mes, eu ha espera da minha cédula militar ha anos (desde que fui julgado por desertar), e muita gente há espera de seguros, operações, etc etc…. hey! estamos em portugal, se queres que esses merdas (termo conhecido para engravatados) leiam ou façam o que quer que seja tem que ser mais radicais… mas nem tanto .)
… ou façam cmo gajo dos “condenados de Shawshank”… uma carta por dia… assim daqui a uns anos recebem a resposta.