Carvalho da Silva defende que a actual situação exige uma "revolta grande" e não é para mais, o desemprego continua a aumentar: já é 10,3%

O secretário-geral da CGTP, Carvalho da Silva, denunciou esta quinta-feira, o aumento de pressões sobre os trabalhadores que se sentem ameaçados com possíveis despedimentos, defendendo que a actual situação exige uma “revolta grande”.

Durante o Plenário Nacional de Sindicatos, Carvalho da Silva falou num “demolidor” aproveitamento da crise que tem agravado o desemprego, provocado uma “precariedade mais profunda” e “aumentado os casos de chantagem” sobre os trabalhadores.
Hoje mesmo o Eurostat revelou dados novos sobre o desemprego na União Europeia.
A taxa de desemprego em Portugal foi a quarta maior da zona euro em Novembro, tendo subido 0,1 pontos percentuais face a Outubro, para 10,3 por cento.
Segundo dados oficiais do organismo de estatísticas europeu, no penúltimo mês de 2009 o desemprego continuou a subir também na zona euro, atingindo os 10 por cento no conjunto dos seus 16 países, sendo o mais elevado desde 1998. Em Outubro era de 9,9 por cento.
No caso português, o desemprego tem vindo sempre a subir desde o início da crise internacional, e a um ritmo superior ao da zona euro. Enquanto nos seus 16 países a taxa subiu 25 por cento entre Novembro de 2008 e Novembro passado (8,0 por cento para 10,0), em Portugal subiu 30 por cento (de 7,8 para 10,3 por cento).

Carvalho da Silva denunciou ontem as pressões que cada vez mais os trabalhadores sentem e que passam muitas vezes por “coisas pequeninas” como a simples invocação da crise, dos problemas nacionais e globais: “Chega-se ao local de trabalho e há estas observações: olha que aquele já foi para o desemprego, olha que aquele já foi despedido”, disse o secretário geral da CGTP, citado pelo JN.

Na verdade, Carvalho da Silva não se calou:

“Todos os dias é o patrão que chantageia. Se reivindicares isto vais para a rua, se reivindicares isto não te renovo o contrato”.

Falou também da situação do sistema da segurança social e da “instabilidade contínua provocada pelo desemprego” como situações que causam “um amedrontamento que contagia”.

Lembrou que “não existe nenhum salvador” e defendeu que os trabalhadores têm de continuar a lutar contra a precariedade e os salários baixos.

“O drama do país é se prosseguem estas políticas e se não há mobilização das pessoas. Se o medo aumenta e as pessoas não se disponibilizam a agir, porque não vai haver nenhum salvador para a situação em que estamos. Ou se consegue a mobilização da sociedade portuguesa, não apenas dos trabalhadores, ou continuaremos a ter um agravamento dos problemas do país”.
“É uma situação que precisa de uma afirmação de revolta grande dos trabalhadores”, disse ainda.

Carvalho da Silva Carvalho frisou também que se assiste a uma crise também ao nível da justiça laboral. As leis, além de não serem cumpridas, já são produzidas com a intenção de não serem eficazes, como é o caso do Código de Trabalho.

A “revolta grande” é precisa sim. E uma revolta grande junta todos e todas: precários/as ou não, com contrato ou a falsos recibos verdes, os/as que têm trabalho e os/as que estão no desemprego, imigrantes, bolseiros/as, movimentos e sindicatos.
Mayday! Mayday!

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