Cavaco ou Pôncio Pilatos: como lavar as mãos do OE2013
O Presidente da República falou ontem ao país na habitual mensagem de ano novo. As suas primeiras palavras foram de preocupação com o nível de desemprego e, principalmente, com o desemprego jovem, mas nenhuma solução foi apontada, nenhum caminho foi visionado, nenhuma alternativa é possível porque por muito mau que seja o Orçamento de Estado tem de entrar em vigor e porque temos de pagar a dívida, custe o que custar. A mensagem de ano novo de Cavaco foi o seu modo de lavar as mãos, como fez Pôncio Pilatos (ver vídeo aqui).
O Presidente fala sempre como se fosse externo à política e preocupa-se mais em sair do caminho do Governo do que em fazer cumprir a Constituição. Se assim não fosse, não se percebia porque resolve aprovar um Orçamento de Estado que levanta “fundadas dúvidas” sobre a justa “repartição dos sacrifícios” e porque enaltece o sentido de responsabilidade do povo português, dizendo que “deveria servir de exemplo”, quando ele próprio não segue o exemplo de que fala e é irresponsável ao aprovar pelo segundo ano consecutivo um Orçamento de Estado que é inconstitucional.
Cavaco, aliás, embarca num discurso estranhissímo e incompreensível, pois se por um lado diz que é necessário começar os esforços para o crescimento da economia e nos diz que é inaceitável que 20% dos impostos vão para o pagamento dos juros da dívida externa, retira a conclusão que não há nada a fazer se não fazer cumprir um orçamento que nos lança na “espiral recessiva” que ele critica.
No primeiro dia do ano já percebemos o espírito do Presidente para 2013: “whatever troika says goes”; apesar da Constituição, apesar das nossas vidas. Um Presidente assim não serve, para isso já temos Passos, Portas e Gaspar.
Vê notícia Público aqui.
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