CGTP-IN lança documento de análise que aponta alternativas às políticas da Troika
Segundo Manuel Carvalho da Silva, secretário geral da CGTP-IN após análise do programa do Governo e constatação de que este ultrapassava as medidas de austeridade propostas pela “troika”, a CGTP lançou na passada 2ª feira um “documento crítico e com propostas alternativas” que se debruça sobre sete áreas diferentes: economia e transportes; privatizações; emprego; salários e custos com o trabalho; legislação laboral; contratação colectiva e concertação social e diálogo social nas empresas.
Sublinhamos aqui alguns dados concretos divulgados neste documento da CGTP que contrariam parte dos argumentos que sustentam as actuais escolhas políticas que afectam salários e direitos dos trabalhadores:
- os consumos intermédios (serviços externos e matérias consumidas) representam 65% da totalidade das despesas das empresas, enquanto as remunerações aos trabalhadores representam apenas 18%. Assim, cai por terra o argumento de que a falta de competitividade das empresas deve-se à elevada remuneração dos trabalhadores.
- as contribuições sociais pagas pelas empresas representam em média apenas 5% dos custos totais das mesmas. Por outro lado o peso das despesas sociais das empresas sobre os salários dos trabalhadores, que em Portugal representa 20%, não é superior ao de outros países – Espanha 26,6%; França 30%; Reino Unido 19,8%; Alemanha 23,2%. Também aqui se vê que os salários e os direitos dos trabalhadores portugueses não poderão ser a causa de qualquer falta de competitividade, assim como as contribuições para a segurança social prestadas pelas empresas.
Intensifica-se a ofensiva aos salários de forma directa (ex: corte de 50% do “subsídio de natal”*) mas também de forma indirecta (ex: privatização da EDP, CP, etc.) ao mesmo tempo que se descapitaliza a Segurança Social e se privatizam os seus serviços. É a vida da totalidade dos trabalhadores e trabalhadoras que está em check para benefício dos interesses do sector financeiro. É por isso urgente dar a volta a este discurso falacioso e defender um sistema justo de contribuições e utilização de fundos da Segurança Social. Os Precários Inflexíveis continuarão a contribuir para este combate com a campanha Segurança Social: Direitos e Contribuições
* com aspas porque na verdade trata-se de uma tributação sobre a totalidade dos rendimentos, pois até os falsos recibos verdes – que não têm 13º nem 14º mês – serão penalizados
Documento lançado pela CGTP
Notícia do JN