Cinco anos perdidos e o fantasma da deflação

Depois de anos a tentar deturpar as contas para agradar aos mercados, a aparente inequívoca notícia de que a zona euro entrou na deflação deita por terra a teoria económica vigente de que a crise acabou. Pelo contrário, a crise financeira de 2008/2009 continua a avançar cavalgante, estando hoje os países e principalmente as populações mais fracas para defender-se. A austeridade serviu apenas para saquear os Estados Sociais e recapitalizar a banca e a finança que cozinharam a crise. Mas ela voltou com toda a força, com o euro a bater no fundo.

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Com as taxas de juro já no zero, o Banco Central Europeu não conseguiu fazer a variação dos preços subir para próximo da inflação (2%), tendo caído para -0,2%, o que poderá ser ainda mais grave quando já estamos numa baixa de consumo e de investimento, devendo disparar uma vez mais o valor dos juros sobre as dívidas soberanas. Assim parece que Mario Draghi terá que comprar dívida pública aos Estados (quantos anos depois?), contrariando Angela Merkel que tenta criar o pânico no povo grego ameaçando-os contra a eleição de um governo contra a austeridade, mas acabando por ver o BCE a ter que dar razão às propostas de intervenção sobre as dívidas.

Espera-se que a 22 de Janeiro o BCE avance para a compra de dívida pública, depois de cinco anos perdidos para os povos da Europa, sob o jugo de uma economia bárbara e dogmática, voltada apenas para garantir os investimentos e os lucros da banca de finança, que expoliou quem trabalha da sua riqueza. O principal opositor é, naturalmente, o grande beneficiário da política de austeridade dos últimos bancos: o banco central alemão.

No entanto, ontem o euro desvalorizou para valores de 2006, lançando uma vez mais o pânico nas bolsas.

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