Começa hoje a semana de indignação dos polícias
Começa hoje e termina no dia 28 a Semana de Indignação dos polícias. Esta acção de protesto, marcada pelos 6 sindicatos de polícia que estão na Comissão Coordenadora Permanente das Forças de Segurança, pretende que o Governo respeite e ponha em vigor as novas tabelas remuneratórias.
Cada estrutura sindical vai promover acções próprias de protesto, mas para dia 28 está marcada uma manifestação/concentração em Lisboa.
Este protesto vai juntar mais de 30 mil agentes da PSP, GNR, Polícia Marítima, ASAE e Guarda Prisional.
De acordo com o Público, haverá menos polícias nas ruas, nas esquadras e postos, os polícias fecharão os olhos às multas e não haverá tantas inspecções.
Entretanto, o Ministério da Administração Interna, que tutela as polícias, foi o único que escapou à crise e à austeridade. De resto, o seu orçamento foi mesmo aumentado, o que lança um sinal expressivo sobre a forma como o governo procurará responder às mobilizações sociais: com repressão, como habitual em períodos de saque social.
No entanto, estranhamos as declarações de Paulo Rodrigues – presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP) e da comissão coordenadora dos sindicatos das forças de segurança – que afirma que “Numa situação de contestação social, ter os polícias ao mesmo nível ou na linha da frente da contestação em nada ajuda a repor a ordem pública”.
Se a mensagem deste responsável pela organização de trabalhadores da polícia é a de que a repressão na reposição da ordem pública, pela polícia, depende do seu salário, então estaremos nas ruas de lados opostos, porque entendemos que em democracia não há lugar para forças de vigilantes, vingadores ou mercenários. Também, a falta de percepção e sensibilidade dos trabalhadores das forças de segurança sobre o retrocesso social em curso, poderá aumentar o seu isolamento do ponto de vista social, perante cidadãos e cidadãs, organizados em sindicatos, comissões de trabalhadores, associações e movimentos que pretendem forma livre e legítima respeitar, vingar e recupar os direitos e opções que a revolução de 25 de Abril de 1974 trouxe a todo o conjunto da população, mesmo aos polícias (que de outra forma não teriam hipótese de se organizar em sindicatos).