Começam as negociações sobre o futuro de Portugal


Começam hoje as “negociações” políticas sobre as contra partidas e as políticas que o FMI, o BCE e a CE exigem em troca dos 90 mil milhões de euros que vão emprestar a Portugal.

Há várias contorvérsias em cima da mesa sobre esse empréstimo: qual o período do ajustamento, qual a taxa de juro do empréstimo, como intervir para aumentar a produtividade e como garantir as metas orçamentais.

Deixa-se assim de falar sobre o essencial: quem criou esta dívida e quem a vai pagar. Mas a isso já lá vamos.

Primeiro, qual o período em que teremos o FMI e o FEEF a decretar todas as políticas públicas do país. O FMI, depois da desgraça que foi a sua actuação na Grécia em que medidas demasiado restritivas deitaram abaixo a economia e criaram uma recessão tão grave que não permite chegar às metas pretendidas, prefere uma solução de mais longo prazo: 5 anos. A vantagem desta solução seria baixar o juro do empréstimo e não adicionar recessão à recessão que os PEC’s já criaram.

Mas a Comissão Europeia quer mais sangue. Quer um ajustamento em 2 anos, até 2012, e quer juros altos. Quer super recessão. Até César das Neves já veio dizer que este tipo de políticas pode destruir a moeda única.

No entanto, nenhuma destas discussões é sobre o essencial: quem paga a dívida. Sobre esse assunto todas as organizações da troika estão de acordo: sou eu e és tu.

O Comissário Europeu já no ano passado dizia que os ordenados dos trabalhadores portugueses terão de baixar para que Portugal volte a ser competitivo.

Mas será que foram as pessoas que trabalham e que recebem em média 777€ por mês que criaram essa dívida que importa agora debelar? Certamente que não.

E como não fomos nós a criar a dívida, também não devemos ser nós a pagá-la, muito menos com os nossos salários e empregos.

Os Precári@s Inflexíveis estão do lado de todos e todas que ousarem afirmar que esta dívida não é das pessoas e que não devem ser as pessoas a pagar. Se deixarmos que o debate se resuma a quanto paga nunca saberemos quem criou a dívida e nunca exigiremos responsabilidades. Exigir responsabilidades é cidadania e rigor, e muito precisamos disso.
 
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