Comissão Europeia diz que 4 mil milhões de corte não chegam

Barroso quer que os cortes sejam mais de 4 mil milhões
Barroso quer que os cortes sejam superiores a 4 mil milhões

Se o Governo diz “mata”, a Comissão Europeia, uma das três partes da troika, diz imediatamente “esfola”: o relatório da CE sobre a 6ª revisão do memorando diz que “incluindo os 4 mil milhões de euros que serão identificados nesta revisão da despesa, no horizonte total do programa, a despesa contribuirá em 60% para a consolidação, enquanto a receita contribui com 40%”. Ou seja, para Durão Barroso 4 mil milhões de cortes nos serviços públicos não chegam – a brutalidade tem de ser maior.

Esses 4 mil milhões de cortes que Passos e Portas querem fazer vão ser exactamente sobre as funções sociais do Estado, nomeadamente o pagamento de pensões, a Escola Pública gratuíta, o Serviço Nacional de Saúde ou a Segurança Social. O paradoxo é que este corte de 4 mil milhões nas funções essenciais do Estado sem questionamento pelo Governo ou Comissão Europeia, mas sem se perguntar sobre os 8,6 mil milhões de euros que Portugal vai pagar só em juros da dívida no próximo ano aos credores internacionais, nomeadamente, à Comissão Europeia. Ou seja, no dinheirinho da Comissão Europeia, do FMI, do Banco Central Europeu e dos especuladores não se mexe, no bolso das pessoas e nos serviços públicos não há limites.

O relatório produzido pela Comissão Europeia é extremamente inconsistente e incoerente, acompanhando a lógica tortuosa de salvar a economia destruindo-a: simultaneamente informa que o memorando da troika está a ser globalmente um sucesso, ao mesmo tempo que diz que nenhuma das metas do programa está a ser alcançada. A transferência do ênfase da parte quantitativa do programa de ajustamento para a parte qualitativa do mesmo – isto é, deixar de ser preocupar com dívidas, défices, recessão ou desemprego para se preocupar apenas com privatizações, liberalização do Trabalho e destruição do Estado Social – mostra claramente que este programa nunca teve nada que ver com dívidas ou défices: hoje temos muito mais dívida e muito mais défice que em Maio de 2011. Ele apenas serve para aquilo que concretiza – tirar a quem trabalha (tudo quanto possível) para pô-lo nas mãos do sector especulativo e de transacções financeiras desregulamentadas. E para isso só 4 mil milhões de euros de cortes não chegam. Nem 20 mil milhões chegarão. Nunca haverá que chegue para a voracidade dos interesses que a Comissão Europeia parece servir.

Notícia Sol e Público.

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