Comunicado de imprensa do PI :: Acção nas Caldas da Raínha contra 700 mil euros de financiamento da Câmara ao ES Contact Center

Comunicado de imprensa Precários Inflexíveis
15 de Julho de 2009

Caldas da Rainha: autarquia financia E.S. Contact Center com 700 mil euros
Precários Inflexíveis estiveram hoje nas Caldas da Rainha
Presidente da Câmara confirmou ao PI que “é um bom negócio” e que “as preocupações sociais não são prioridade”

Os Precários Inflexíveis estiveram hoje nas Caldas da Rainha. Depois dum contacto com os trabalhadores e trabalhadoras da E.S. Contact Center, do Grupo Espírito Santo, os activistas do PI deixaram uma faixa na fachada da Câmara, em protesto pelo patrocínio daquela autarquia, no valor de 700 mil euros, à expansão das instalações daquela empresa – uma empresa que apresenta milhões de euros de lucros anuais, provenientes, no essencial, da exploração de trabalhadores e trabalhadoras em situação precária.

À porta da Câmara Municipal, contactámos com Fernando Costa, presidente da autarquia, que nos confirmou que considerava que “era um bom negócio para a Câmara” e que “gostaria de fazer mais investimentos semelhantes”. Durante a conversa, o senhor Presidente da Câmara disse-nos ainda que “mais vale aquele emprego do que nenhum” e que “há pior do que aquele call center”. Questionado pelos activistas do PI sobre a responsabilidade social da Câmara quando faz investimentos – sobretudo, quando se trata do financiamento a uma empresa – o senhor Presidente respondeu que “isso não é a prioridade”, porque “o que interessa é que é um bom negócio e que vai dar empregos”.

Consideramos que a dispensa de dinheiros públicos para financiar, nestas circunstâncias, a expansão das actividades do Grupo Espírito Santo é uma vergonha. A Câmara torna-se num intermediário da chantagem social que impõe a precariedade e os baixos salários, a partir do terror do desemprego. A E.S. Contact Center encontrou o seu filão: baixos salários (cerca de 500 euros por trabalhador) e apoios públicos para expandir o seu negócio baseado na exploração.

Esta situação é tanto mais grave, quanto há várias empresas e organismos públicos que solicitam os serviços da E.S. Contact Center. Por isso, tínhamos já solicitado a estes clientes do Contact Center uma tomada de posição acerca desta situação. Foi com grande espanto que recebemos as respostas do Instituto Português da Juventude afirmando não se querer pronunciar sobre a questão, e do Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana que respondeu ao lado e tratou a nossa carta como se se tratasse de uma reclamação (!). Ficámos ainda mais desagradados com a falta de resposta e o silêncio cúmplice da RTP e do Turismo de Portugal, S.A.

Trata-se duma situação muito clara: a Câmara Municipal das Caldas da Rainha aprovou, por proposta do seu Presidente Fernando Costa, um patrocínio de 700 mil euros para uma empresa que explora precários/as, promovendo o comportamento rentista desta empresa e a sobre-exploração dos Caldenses. É este o motivo do nosso protesto, porque não aceitamos nem aceitaremos que a precariedade se torne a norma das relações laborais e que seja normal que existam dinheiros públicos a financiá-la.

Cronologia dos acontecimentos:

Em Abril deste ano, a Câmara Municipal das Caldas da Rainha avançou, por iniciativa do Presidente da autarquia, com o financiamento do aumento do espaço das instalações da E.S. Contact Center, uma empresa do Grupo Espírito Santo. Chegou a especulava-se que a autarquia teria capitulado face a uma ameaça de deslocalização por parte da empresa, mas, tendo em conta as afirmações do Presidente Fernando Costa ao Diário de Notícias, a 7 de Maio último, os 700 mil euros que serão gastos no aumento do espaço físico da E.S. Contract Center são apenas um dos múltiplos apoios que a Câmara já ofereceu ao Grupo Espírito Santo.

Pedro Champalimaud, Administrador delegado deste call center, também já garantiu não ter realizado nenhuma ameaça de deslocalização, o que compreendemos muito bem, visto que os 12,8 Milhões de euros de volume de negócios e a afirmação de que são uma “empresa em crescimento” não nos levam a pensar que esteja em dificuldades: são lucros magníficos que provêm do pagamento de salários muito baixos (500 euros líquidos, segundo o próprio Champalimaud) aos seus trabalhadores, que são muitas vezes contratados com vínculos precários, através de empresas de trabalho temporário.
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