Comunicado de imprensa dos Precários-Inflexíveis sobre a entrega dos serviços da Segurança Social a Empresas de Trabalho Temporário
Lisboa, 6 de Outubro de 2008
Os Precários-Inflexíveis vêm por este meio repudiar a atitude do Governo em Castelo Branco, com a criação de um call center da Segurança Social que funcionará às custas de mais duzentas pessoas a trabalhar de forma precária. Parece ficção mas está a acontecer em Portugal, segundo relatou a RTP na semana passada. E é uma atitude vergonhosa, apenas possível em países onde o poder seja exercido com mentiras descaradas, arrogância e demissão de quaisquer responsabilidades. Como é que pode ser a própria Segurança Social a entrar no jogo sujo do falso trabalho temporário? Será que a Segurança Social considera temporário o serviço de atendimento aos contribuintes?!?
Chega o primeiro Outono pós anúncio do novo código de trabalho Sócrates-Vieira-da-Silva e há cada vez menos vergonha no País das Impunidades. Castelo Branco era terra de bons queijos, fica também agora para a história como a localidade onde o Governo Sócrates accionou o seu balão de ensaio da precarização da administração pública, começando a entregar as funções da Segurança Social a empresas de trabalho temporário.
Trata-se da criação de postos de trabalho? Não. Serão mais duzentas pessoas a trabalhar sem direitos, precárias e mal pagas. E quem o fazia como funcionário do Estado perde obviamente, acabando por engrossar em muitos casos as listas não escritas do desemprego e do sub-emprego.
Há cada vez menos vergonha no País das Impunidades. Mas o caso não nos causa espanto. Claro que desconfiámos quando ficámos a saber que “o Estado cumprirá a sua parte”, para resolver o problema dos falsos recibos verdes no sector público. Quem o disse foi o actual ministro do Trabalho e da Segurança Social, José Vieira da Silva. O primeiro-ministro José Sócrates repetiu-o e a ideia foi passando como uma bandeira do Governo. A precariedade seria combatida, diziam.
Agora não restam mesmo dúvidas que era mentira. A precariedade está a ser mantida e promovida pelo Estado, nas mãos do Governo Sócrates. Mas que país será construído sobre os escombros das nossas vidas exploradas? Quem ganha no meio disto tudo? Os portugueses em geral só têm a perder, com excepção dos que ganham directamente com o aumento do trabalho precário e com o crescimento da área de negócio das empresas de trabalho temporário. Por exemplo, Vitalino Canas: deputado, porta-voz do PS e “provedor do trabalho temporário”, pago pelo lobby das empresas de trabalho temporário. É o que se chama ter a faca e o queijo na mão!
Por estas e por outras, não há acordo para a precariedade. E podem contar connosco, estamos aqui para lutar contra a precariedade que nos anda a invadir as vidas.
Precários-Inflexíveis
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