Concursos de bolsas da FCT só terminarão em Setembro e início do ano lectivo está em risco

Esta 2ª feira de manhã um grupo de bolseiros foi recebido pela directora dos recursos humanos da Fundação para Ciência e a Tecnologia (FCT), após uma acção de protesto convocada pela Associação de Combate à Precariedade – Precários Inflexíveis e realizada no exterior da Loja do Cientista, em Lisboa. As novidades são sombrias: as bolsas serão atrasadas, o início do ano lectivo está em causa e é previsível que uma grande quantidade de bolseiros possa ter que trabalhar sem receber por causa dos atrasos.
1069969_517352638359148_970523415_nA acção de protesto consistiu numa flashmob “para iluminar a FCT”, e denunciar os atrasos na abertura de concursos para bolsas individuais de doutoramento, pós-doutoramento e investigador FCT. A FCT deixa os investigadores “às escuras”, e por isso, com lanternas e espelhos, o grupo de bolseiros e futuros candidatos a bolseiros, iluminaram as instalações, numa acção simbólica para uma reivindicação concreta.

Os atrasos na abertura dos concursos para as bolsas levam os investigadores e bolseiros ao desespero e à incerteza. A FCT tinha garantido a abertura de concursos de bolsas individuais de doutoramento, pós-doutoramento e de Investigador FCT para o mês de Junho, mas já nos encontramos a meio de Julho e sem novidades.

Depois do protesto, já no interior da loja do  cientista, o grupo de bolseiros pediu uma audiência, tendo sido recebidos por Cláudia Fernandes, directora do departamento de recursos humanos da FCT, indicada para nos falar sobre os atrasos na abertura dos concursos. Durante a audiência, foi-nos comunicado que os concursos para investigador FCT vão abrir até ao final desta semana, e os concursos para bolsas individuais de doutoramento e pós-doutoramento serão abertos até ao final do mês. Abrindo tão tarde, os concursos terminarão em Setembro, e os resultados dificilmente serão divulgados antes do final do ano, ou seja, alguns meses após o início do ano lectivo.

Somando declarações com informações, embora com datas e números imprecisos, foi-nos também confirmado por Cláudia Fernandes o que já tinha sido anunciado: um “corte brutal” no número de bolsas individuais a atribuir. Esta situação deve-se, ainda segundo Cláudia Fernandes, a uma redução, no último Orçamento do Estado, de verbas atribuídas à FCT.

Já sabíamos que a FCT deixa os investigadores às escuras, sem informações e sem a dignidade que lhes é devida. Agora sabemos também que em Portugal, para os investigadores e para a ciência, não existe um futuro no horizonte.

Não é compreensível que, conhecendo os cortes aprovados em Novembro passado no Orçamento do Estado para 2012, nem o ministro Nuno Crato ou mesmo a FCT se tenham precavido, e tomado todas as diligências necessárias para que estes atrasos não tivessem lugar. Agora, depois do erro, os investigadores e os centros de investigação terão de enfrentar um início do ano lectivo sem quaisquer certezas. A situação agrava-se considerando que, com concursos a terminar em Setembro e resultados anunciados no final do ano, as bolsas só poderão ter início a meio do segundo semestre, em Março ou mais tarde. Prevê-se que grande quantidade de bolseiros tenham que trabalhar sem receber se este atraso se confirmar.

Mais uma vez, foi a mobilização que permitiu aceder a informações sobre o nosso futuro, mas não podemos continuar assim. O investimento em ciência não pode ser a prazo e sem prazos certos, ignorando compromissos e as pessoas.

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