Contratos a prazo: Portugal leva a prata
De acordo com um estudo do European Company Survey, Portugal é já o segundo país da Europa com maior número de contratados a prazo, sendo apenas ultrapassada pela Polónia,com 20% de contratados a prazo, e estando na mesma situação que a Holanda e a Madedónia.
Os dados do Eurofond referem ainda que em Portugal, na Polónia e na Grécia 3 em cada 10 empresas têm funcionários a trabalhar em regime independente, que o Diário Económico compara, erradamente, com os recibos verdes portugueses, visto que as especificidades dos recibos verdes não encontram paralelo na Europa.
Assim, caem por terra as ideias que todos os dias nos querem vender de que existe pouca flexibilidade no mercado de trabalho em Portugal. Na verdade, temos contratos a prazo e falsos recibos verdes ilegais e a isso não correspondeu a prometida inflexão das taxas de desemprego, antes pelo contrário, o aumento destas formas de contratação facilitou o aumento do desemprego.
Notícia Diário Económico aqui.
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É muito «interessante» ler o que gente como Pacheco Pereira ou Sousa Tavares dizem acerca da «geração à rasca» e da juventude hoje em dia. Criticam o facto da juventude querer mais e melhor na vida; demandar mudanças face à realidade sócio-económica vigente. Para eles, a realidade actual, é mesmo assim: precária por defeito. Curioso, quem difunde esse discurso, da «normalidade», é quase sempre gente que raramente teve de lutar por algo na vida: são todos filhos / as de pessoas burguesas, importantes, conhecidas, e essa mesma situação – ser filho ou filha «de» – deu-lhes logo garantia para se «tornarem alguém» na vida e se manterem até hoje com bons empregos que, muitas vezes, passam de pais para filhos – basta olhar para os apelidos de alguns dos deputados da Assembleia da República: o lugar passou de pai / mãe para filho / a.
Muitos dos que falam e criticam, vivem há quase trinta e seis anos às custas do «zé anónimo», com empregos de deputado; secretários de estado; autarcas; enfim, políticos. Mas, mesmo sabendo que vivem às custas do povo, pois é esse mesmo povo que lhes paga os excelentes salários de três mil euros como deputados – para um país onde tem que se sobreviver com quatrocentos e oitenta e cinco euros, três mil euros por mês dá para ter uma excelente qualidade de vida – rebaixam constantemente aqueles que se queixam e reivindicam uma mudança.
A verdade é que todos esses que incitam à manutenção da situação actual e dizem que não há solução, fazem parte da geração que mutilou Portugal desde o 25 de Abril. Se há geração que nunca foi ambiciosa na vida; padece de um imenso acriticismo; e nunca gostou da meritocracia; é a geração do Pacheco Pereira e do Sousa Tavares. Curiosamente, é a geração que ocupa, praticamente, os lugares de docência nas universidades portuguesas e os meios políticos, ostracizando, por norma, quem mostra ser mais inteligente; capaz; crítico; e original. Isto acontece em muitas universidades públicas portuguesas: pessoas instaladas há vinte anos, dificultam a vida a estudantes que fazem questões «incómodas» e que perguntam, por exemplo, como é que alguém é tão mau docente e investigador, ocupa lugares de professores universitários.
O país tresanda a compadrio e a gente desta, como o Pacheco, que adora que as coisas se mantenham e difunde a mensagem: tenham medo da demagogia e da crítica «fácil»; tenham medo que eles querem acabar com os nossos tachos; os cursos hoje em dia nada valem – no tempo dele é que eram «bons», pois só os burgueses é que tinham acesso aos mesmos. E logo ele, que nem mestre é e anda a dar aulas de doutoramento.
É bom que tenham medo, sim, pois esta geração não é como a dois pais: esta geração tem estudos; voz; e, se for preciso, vai em frente de vez. O país e o futuro somos nós, não é o Pacheco Pereira; não é o Sousa Tavares; não são os partidos e os líderes actuais; e não é, de certeza, Cavaco, pessoa que apenas se preocupa com os jovens da classe média-alta e ali da Católica.
Aliás, Cavaco devia ter era vergonha. Na campanha lamuriava-se da parca reforma de oitocentos euros da mulher. Coitadinha. Cavaco mostra mesmo bem de que de origens pobres e humildes já tem muito pouco. Aburguesou-se com o a idade. O problema é mesmo esse: todos eles deixaram aburguesar-se, preocupam-se apenas com a manutenção do sistema deles – e dos amigos – e o povo serve apenas para suportar as contas.
Portugal não é um país pobre, se o fosse não havia tanta gente a comer à conta do mesmo, com bons salários e vidas.
É preciso uma ruptura total sem dó nem piedade. Custe o que custar.