Conversa sobre precariedade na FCSH
Ontem, 19 de Maio, decorreu a conversa sobre precariedade na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. Sara Gamito dos Precári@s Inflexíveis, e Carlos Carujo, ambos ex-alunos desta faculdade, foram os oradores convidados.
O mote para esta conversa foi ”Nem Escola de Elites, Nem Fábrica de Precários”. Afinal, Precariedade Laboral e Ensino Superior andam lado a lado. Cada estudante é, e tem grande probabilidade de continuar a ser um Precário.
Actualmente uma licenciatura no Ensino Público(?) custa 3000 euros só em propinas. Inevitavelmente, um grande número de estudantes é já trabalhador, na maior parte dos casos Trabalhador Precário. É mão de obra que alimenta as Empresas de Trabalho Temporário. É o Call Center das 18h às 22h, o chegar a casa às 00h, sem receber horas nocturnas, e ir para as aulas às 8h. É o Recibo Verde e o trabalho informal.
A verba para as Bolsas de Acção Social é manifestamente insuficiente, e consequentemente incapaz de responder a todas as necessidades. Onde a Acção Social falha, há sempre um Banco pronto para vender falsas facilidades. Neste momento são já 11 000 os estudantes que pediram dinheiro emprestado ao banco para poderem estudar, e sem qualquer garantia de poderem vir a pagar o empréstimo no final do curso. Os Bancos descobriram um novo público alvo, onde estudantes começam a ter que recorrer a créditos logo aos 18 anos. Um dos estudantes ironizava sobre o facto do Banco Santander estar colocado estrategicamente junto à entrada da Faculdade, enquanto que para aceder ao Gabinete de Acção Social é necessário percorrer corredores labirinticos.
Nesta conversa, discutiu-se a questão dos falsos Recibos Verdes, nomeadamente se o facto de haver um contrato de prestação de serviços já os tornaria legais.
Discutiram-se os vários anúncios ilegais, com contratação a Recibos Verdes, lançados quer pela Universidade, quer pela a Associação de Estudantes da FCSH. Reflectiu-se sobre a falta de independência dos Professores que estão contratados a falsos Recibos Verdes. Os alunos chamam-lhes Professores. A Direcção da Faculdade, para que os possa contratar a falsos Recibos Verdes, denomina-os de Conferencistas.
Carlos Carujo, deixou-nos também o testemunho de como se organizaram os movimentos estudantis da década de 90, e quais as suas principais reivindicações. Numa altura em que muitos estudantes se resignam e exigem pouco do ensino que devia ser público, a construção de uma memória colectiva acerca do que foram os movimentos estudantis, é uma peça fundamental para a reorganização dos estudantes.
Consideramos que é muito importante discutir estas e outras questões no interior das próprias faculdades.
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