Cortes na Cultura: Ada Pereira da Silva – Eu devo ser é tolinha…
Ontem houve grande festa de uma ministra a festejar ter uns novíssimos 5 milhões para gastar. Fixe! Claro que esses 5M não chegariam para pagar a parcela da administração central à Casa da Música. Mas isso não é relevante.
Eu, como não sou parva, fui ver quanto era o corte global de orçamento do ministério dessa ministra: 30M, contando com as cativações previsíveis e à cabeça. Realmente são agora só 25M de corte num orçamento global de 200M (em números redondos, porque é menos). É bom! Muito bom!
Mas depois reparei naquela referência a cortes de 23% (?) em contratos em curso, com valores definidos em concurso público. Como não sou parva, fui ver: daí a dita ministra tinha tirado 3M a estruturas de criação/produção artística com contratos a 4 anos. Vi ainda que depois disto tirou dos montantes disponíveis para os novos concursos para apoios a dois e um ano e, porque ainda por cima não abriu concurso para apoio a projectos pontuais, mais 3,3M (ela dirá que são só 2,5M, comparando com 2010 em que depois do prazo disse que não ia cumprir a lei e por isso não abria concurso pontual de 2º semestre que devia valer 0,8M, mas eu não sou parva!).
Ora bem! 5M quase dá para pagar o que se ficou a dever… ok, não chega! a dívida são mais de 6M (3M deles aos contratos a 4 anos em curso). Mas a altura é de crise! temos de compreender que toca a todos! Somos todos cidadãos de pleno direito e dever… não sejam parvos!
Depois ouvi os discursos da festa. Não é que a ministra se enganou!
Disse que da dívida de mais de 6M só ia pagar 2M; disse que esses 2M eram um “reforço”; anunciou que vai usar o resto do dinheiro que deve às estruturas de produção/criação artística para lançar novos programas do seu ministério… ela foi mesmo enganada! Com tão pouco dinheiro em cada “novo programa” só vai dar para calar ou satisfazer uma meia dúzia de amigos ou incómodos faladores parvos!
Temos de avisar a ministra para ela emendar a mão: tem de agradecer às estruturas de produção/criação artística do país por financiarem o ministério da cultura permitindo lançar novos programas festivos e pela própria festa, pedindo desculpa por não os ter convidado para a festa no CCB. (mas será que lhes pediu licença? ups!)
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