CP suspende Acordo de Empresa penalizando os trabalhadores

A empresa Comboios de Portugal (CP) suspende a partir de hoje as cláusulas do Acordo de Empresa (AE) que “disponham de forma diferente ao legalmente estipulado”, ou seja, do novo Código do Trabalho cujas alterações entram hoje em vigor.
A CP reuniu-se há dias com as diversas Organizações Sindicais representativas dos seus Trabalhadores, bem como com a Comissão de Trabalhadores, para informar que  aplicará a Lei nº 23/2012, 3ª alteração ao Novo Código de Trabalho, no momento da sua entrada em vigor, dia 1 de Agosto de 2012″, adiantou a empresa em comunicado.


“De acordo com alterações estabelecidas nesta Lei, a empresa irá proceder à anulação ou suspensão, pelo período de tempo nela determinado, das cláusulas dos Acordos de Empresa em vigor que disponham de forma diferente ao legalmente estipulado”, explicou a CP.
“Nesta reunião o Conselho de Administração da CP apresentou a sua inteira disponibilidade para a revisão global dos actuais Acordos de Empresa, visando a respectiva adequação à realidade da empresa e do País”, diz a transportadora.
Na prática isto significa que os trabalhadores irão receber menos por trabalhar horas extraordinárias, feriados e dias de descanso. As folgas também deverão sofrer alterações. A Refer também já suspendeu o AE o que levou a que os sindicatos apresentassem pré-avisos de greve para Agosto e Setembro.
Está em marcha o maior ataque à contratação colectiva de que há memória. O Governo e a tutela rasgam acordos globais debaixo da asa da troika  e retiram aos trabalhadores do sector empresarial do estado poder de negociação, individualizando-os cada vez mais ao mesmo tempo que força a diminuição do poder de reivindicação.
Nos últimos anos em muitas empresas do sector público têm vindo a ser criadas empresas de serviços dentro das estruturas dessas próprias empresas com o objectivo de ‘prestarem serviços transversais’ a todas as empresas dentro do próprio grupo. A REN (Redes Energéticas Nacionais) é disso um exemplo. Todos os novos trabalhadores, salvo raras excepções, são contratados para a REN Serviços quando na realidade trabalham noutra empresa do grupo (ex. REN Eléctrica ).
O efeito prático deste tipo de ‘organização’ é baixar salários e reduzir direitos, pois os novos trabalhadores são obrigados a assinar contratos individuais de trabalho ( com a empresa de serviços) que os mantém à margem do ACT ( Acordo Colectivo de Trabalho ) e dos direitos que os trabalhadores mais antigos ainda possuem.
Outras empresas de controlo estatal, que se preparam para a privatização, como a TAP já começaram a adoptar semelhantes decisões, ainda que de forma mais discreta.
Em suma quem perde são os trabalhadores dessas empresas mas também todos os trabalhadores do sector privado, que ficam sujeitos a chantagens e a termos comparativos errados quando essas empresas são usadas como referências salariais e de direitos.
A perda de margem de negociação colectiva no sector do estado condiciona ainda mais qualquer tentativa de negociação colectiva no sector privado.
Não nos deixemos enganar! Estamos todos no mesmo barco! 

Notícia aqui.
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