Crato e Passos recebidos em Aveiro com protesto de dezenas de investigadores científicos
Dezenas de investigadores protestaram, esta quinta-feira, à chegada do Primeiro-ministro e do Ministro Nuno Crato à Universidade de Aveiro contra os cortes na ciência, nomeadamente a redução do número de bolsas da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT).
Segundo a imprensa, os investigadores, que se encontravam à porta do edifício da reitoria da Universidade de Aveiro, empunhavam papéis com palavras de ordem como “Pela ciência com qualidade e dignidade”, “Ciência e inovação levam país à evolução” e “Ciência precária, fuga de cérebros diária”. Quando Passos e Crato chegaram à Universidade de Aveiro, os manifestantes gritaram “não aos cortes na ciência”.
Eduarda Silva, investigadora no Departamento de Química da Universidade de Aveiro e membro da Associação de Bolseiros de Investigação Científica (ABIC) falou à comunicação social sobre esta iniciativa: “Foi um protesto espontâneo e vimos mostrar o nosso desagrado pelas políticas em relação ao sistema nacional de ciência, tecnologia e inovação em Portugal”.
À Lusa, a investigadora afirmou que o que está a acontecer é «um despedimento camuflado» porque os concursos lançados não têm vagas suficientes. «Estes concursos não chegam de maneira nenhuma para o número de investigadores que estão neste momento a trabalhar no sistema e sabe-se já que vai haver um corte de cerca de 75% do número de bolsas de doutoramento e pós-doutoramento a atribuir este ano, o que demonstra o desinvestimento e falta de política para a investigação deste Governo», lamentou.
Referindo-se ao Primeiro-ministro, Eduarda Silva afirmou à RTP que “como ele bem sabe, neste momento as instituições, os laboratórios associados, as unidades de investigação e as universidades dependem em muito dos investigadores e dos bolseiros de investigação. Nós somos a base da pirâmide da investigação e inovação que eles tanto apregoam”.
Na verdade, perante os cortes massivos nas bolsas de doutoramento e pós-doutoramento, o Governo promove o exílio dos mais valiosos quadros técnicos do país, esta foi uma das conclusões que divulgámos a partir do passado encontro de investigadores científicos promovido pelo Grupo de Bolseiros do PI. A situação revela-se desastrosa e sem rumo, uma vez que já estamos em 2014 e os resultados do concurso de bolsas ainda estão por divulgar, como já o denunciámos aqui.
Todos os protestos públicos merecem o nosso apoio porque o estado da investigação científica em Portugal está em decadência acelerada e a nossa resignação não será solução.
Notícia com vídeo aqui.
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