Custo do trabalho em Portugal é dos mais baixos da Europa

O site Memória Virtual publicou ontem um gráfico muito interessante extraído do jornal Le Monde que ilustra a situação do custo horário do trabalho na União Europeia. À primeira vista estes custos são muito desiguais na Europa variando entre o máximo de 37,70€ na Bélgica e o mínimo de 2,88€ na Bulgária. Se olharmos com atenção, Portugal (12,17€) aparece depois da Eslovénia, no grupo de países onde o custo do trabalho é mais baixo por hora. Depois de ver este gráfico cai por terra o argumento de que é necessário baixar os custos do trabalho em Portugal. Por uma simples razão, estes são já dos mais baixos da Europa!

Mas a estratégia do Governo e do seu acordo da Concertação Social assinado a semana passada é continuar a baixar os salários através de várias medidas, como por exemplo: a redução para metade do pagamento das horas extraordinárias e do trabalho realizado aos fins-de-semana e aos feriados; eliminação de 3 dias de férias; banco de horas que permite a redução do recurso a horas extraordinárias pagas…
Por outro lado, se cruzarmos este gráfico com o gráfico da OCDE, que representa a desigualdade salarial, reparamos que os mesmos países que estão na cauda do pagamento horário de trabalho na Europa são os mais desiguais: Itália, Reino Unido, Grécia. Os países menos desiguais são os países que pagam mais por hora de trabalho: Dinamarca, Noruega, Bélgica (tirando a única excepção da República Checa).
Ao mesmo tempo que olhamos para estes gráficos é impossível não lembrar as declarações de Américo Amorim, Eduardo Catroga e outros “trabalhadores” milionários que recebem num mês o que a maioria dos portugueses recebe em mais de um ano. Existe uma dívida em Portugal que ninguém fala que é a dívida interna do capital ao trabalho. Essa dívida é a maior dívida que existe e é aquela que temos de reclamar que nos paguem imediatamente.

Não podemos admitir que os baixos salários, o trabalho forçado sejam a política seguida pelo Governo. Exigimos melhor distribuição da riqueza, maiores salários e condições dignas de trabalho para todos os trabalhadores. É também por estas razões que queremos ver quem está a favor de uma Lei Contra a Precariedade.

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