Democracia em perigo

Ilustração: João Fazenda
O sociólogo norte-americano Robert M. Fishman, da Universidade de Notre Dame, afirma esta semana, na coluna semanal do New York Times que Portugal não necessitaria de um resgate se não tivesse ficado sob pressão “injusta e arbitrária” dos mercados e das cotações especulativas das agências de rating. Diz também que o pedido de ajuda à União Europeia e ao FMI deve ser tido como “um aviso às democracias em todo o lado”.


Embora o país tenha apresentado um bom desempenho económico nos anos 90 e estar a gerir a sua recuperação da recessão global melhor do que outros países na Europa , ficou sob pressão “injusta e arbitrária dos negociantes de obrigações, especuladores e analistas de crédito”, que “por vistas curtas ou razões ideológicas” conseguiram “fazer cair um governo eleito democraticamente e potencialmente atar as mãos do próximo”.

Fishman diz ainda que as “instituições e políticas económicas” tinham “alcançado um sucesso notável” antes de o país ter sido “sujeito a ataques sucessivos dos negociantes de obrigações”.

Neste cenário, acusa as agências de rating  de distorcerem as percepções do mercado sobre a estabilidade de Portugal e de  terem minado quer a sua recuperação económica, quer a sua liberdade política, colocando a essência democrática em perigo.

E conclui dizendo que o destino de Portugal deve constituir “um claro aviso para outros países, incluindo os Estados Unidos”, pois é possível que os próximos tempos sejam o início de uma fase de “usurpação da democracia por mercados desregulados”, e em que as próximas vítimas potenciais são a Espanha, a Itália ou a Bélgica, num contexto em que os governos se têm vergado aos caprichos dos mercados de obrigações e das agências rating.

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